domingo, 20 de janeiro de 2013

PONDERAÇÕES DE ALLAN KARDEC


“1. É engano pensar que, para se convencerem, basta aos incrédulos o testemunho dos fenômenos extraordinários. Aqueles que  não admitem a existência da alma, ou Espírito, no homem, também  não o admitem fora do homem. Assim, negam a causa e, em consequência, negam os efeitos. Via de regra têm uma idéia preconcebida e um propósito negativo, que impossibilitam a observação  exata e imparcial. Com isso levantam problemas e objeções que  não podem ser respondidas de modo completo porque cada uma  delas exigiria como que um curso, em que as coisas fossem expostas desde o princípio. Como essas objeções derivam, em grande parte, do desconhecimento das causas dos fenômenos e das condições em que os  mesmos se verificam, um estudo  prévio teria a vantagem de as  eliminar. 

2. Imaginam os desconhecedores do Espiritismo que os fenômenos espíritas podem ser produzidos do mesmo modo que as experiências de Física ou de Química. Por isso pretendem submetê-los à sua vontade e se recusam colocar-se nas condições exigidas  para poder observá-los.

20. O fim do Espiritismo é demonstrar e estudar a manifestação dos Espíritos, as suas faculdades, a sua situação feliz ou infeliz, o seu porvir. Numa palavra, a sua finalidade é o conhecimento do  mundo espiritual.  Evidenciadas essas manifestações, conduzem à prova irrefragável da existência da alma, da sua sobrevivência ao corpo, da sua individualidade após a morte, isto é, da vida futura. Assim, é ele a negação das doutrinas materialistas, não só mediante o raciocínio, mas, e principalmente, pelos fatos.

22. Desde que sejam admitidas a existência, a sobrevivência e a individualidade da alma, reduz-se o Espiritismo a uma questão principal: ‘Serão possíveis as comunicações entre as almas e os  homens?’ A experiência demonstrou tal possibilidade. Estabelecido o fato das relações entre  o mundo visível e o invisível, conhecidos a  natureza, o princípio  e a maneira dessas relações, abriu-se novo  campo à observação e foi encontrada a chave de inúmeros problemas. Eliminando a dúvida sobre o futuro, é o Espiritismo um poderoso elemento de moralização.

79. A faculdade mediúnica é uma propriedade orgânica; não  depende das qualidades morais  do médium; mostra-se-nos em  diversos graus da escala moral. O mesmo não se dá, entretanto,  com a preferência que os bons Espíritos dão aos médiuns.

100. Ante a incerteza das revelações feitas pelos Espíritos,  perguntar-se-á: Então, para que serve o estudo do Espiritismo?  Para provar materialmente a  existência do mundo espiritual.  Sendo este formado pelas almas  dos que viveram, daí decorre a  prova da existência da alma e da sua sobrevivência ao corpo. Manifestando-se, manifestam as almas, do mesmo passo, alegria ou  sofrimento, conforme a  maneira por que viveram a vida terrena. A constatação da existência do mundo espiritual, que nos rodeia, e de sua ação sobre o mundo corpóreo é a revelação de uma  das forças da Natureza e, consequentemente, a chave de uma porção de fenômenos até agora incompreendidos, quer na ordem física, quer na ordem moral.  Quando a Ciência tomar em consideração essa nova força até agora desconhecida, corrigirá um grande número de erros resultantes de se atribuir tudo a uma causa única – a matéria. O reconhecimento  dessa nova causa nos fenômenos da Natureza será uma alavanca para o progresso e terá um efeito semelhante ao de outro agente novo qualquer.”

Livro: KARDEC, Allan. O Principiante Espírita. Trad. Julio Abreu Filho. Editora Pensamento.

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