quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ANO NOVO


Jerri Almeida
Na mitologia grega, quando Urano, o Céu,  fecunda a Terra, nasce a geração dos Titâns e, dentre eles, Cronos, o tempo. Com extrema ferocidade, Cronos devora os seus próprios filhos, com exceção de Zeus que resiste ao tempo, conquistando a imortalidade. O tempo é implacável! É rápido como um raio de luz que cruza o ambiente com uma rapidez audaz, imperceptível. O tempo é dominador, subjuga as criaturas humanas de forma indelével e a faz suas escravas.
Voltando para a mitologia, agora romana, Jano era cultuado como o “deus dos inícios”. Divindade responsável pelo fim de uma etapa e início de outra. No calendário romano e depois cristão, deu origem ao nome “janeiro”, definido como o primeiro mês do ano. Dezembro, último mês do ano representa matemática e simbolicamente o fim de uma etapa, com suas experiências, acertos e desacertos, méritos e deméritos, felicidades e desditas. Vivemos na órbita do tempo e de suas representações.
O relacionamento humano com o tempo carrega uma forte bagagem de subjetividades ancoradas na memória que, aliás, na mitologia grega, é a irmã de Cronos. O tempo é depositário das lembranças, dos fatos vividos em família, com amigos, dos afetos e desafetos. Boas e más recordações fazem parte da vida. Algemar-se ao passado, principalmente sobre os eventos negativos, é algo que exige ser bem administrado pelo departamento da inteligência e dos sentimentos. Em nada contribui uma fixação melancólica no passado, uma vez que essa fixação, normalmente, retira da pessoa o foco principal de sua vida: o presente.
Ao aproximar-se o período de final de ano, pessoas há que se dizem envolver, sem que saibam explicar, por uma boa dose de tristeza e melancolia. Ficam quietas, buscam o isolamento evitando festas e diversões. A psicologia busca uma possível explicação para esse fenômeno em prováveis conteúdos inconscientes, vividos consciente ou inconscientemente, em algum momento da vida e que, por algum motivo, afloram nessa época:  a perda de uma pessoa, um desencanto amoroso, objetivos alimentados durante aquele ano mas não atingidos, etc.
Nem todos, portanto, estão convencidos de que devem comemorar, ufanisticamente, a virada do ano.  Alguns preferem o silêncio. Familiares e amigos muitas vezes não compreendem, nem respeitam, tais posturas. Cada pessoa tem sua própria forma de reagir a essas representações do tempo, pois isso mexe com conteúdos profundos de nossa alma.
 Ocorre, na lógica comum, que  comemorar o fim de ano é fazer o que todos fazem: vesti-se de  branco, se possível ir para a beira da praia, tomar champanhe e terminar a noite numa boate ou a um show qualquer, uma verdadeira festa de passagem. Quem adota outro comportamento que fuja dessas convenções deve “estar doente”.
O relacionamento do homem com o tempo possui uma dimensão cultural, simbólica, idílica ou lúdica. O final do ano, nesse contexto representa uma forte tradição cultural no universo dos rituais de passagem, herdeiros do imaginário ancestral, e dos rituais pagãos. O fato é inquestionável: somos seres fortemente influenciados pela noção de tempo. Parece haver um tempo para tudo, e comportamentos convencionados para cada situação. Negar-se a aceitar essas representações do tempo sobre nós, parece ser tarefa quase revolucionária, anarquista mesmo!

Mas, como tantas outras revoluções, que expressão até certo ponto a rebeldia humana, o rebelar-se contra o tempo, seus significados e efeitos sobre nós não mudará a temporalidade das coisas. Será uma batalha perdida! Melhor, talvez, seja aprendermos a conviver bem com o presente e tudo o que dele possamos extrair para torná-lo pleno de possibilidade e de ações afirmativas na composição de um ser humano mais ético e solidário.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

NATAL - VERDADEIRO DESAFIO À REFLEXÃO ÉTICA

Jerri Almeida
Os historiadores do cristianismo empenham-se por encontrar os indícios materiais que comprovariam a existência do homem Jesus. Além da Bíblia, encontramos outras poucas referências a Jesus em autores como Flavius Josephus, um historiador judeu do primeiro século. Em sua obra: Antiguidades, ele afirma: “Havia por aquele tempo Jesus, um homem sábio, se for direito chamá-lo de homem...”
No século II, Tácito, um famoso historiador romano também se refere a: “...Cristo, que o procurador Pôncios Pilatos entregou ao suplício.” Seria desnecessário enumerar outras referências. O fato é que o cristianismo ganhou cada vez mais espaço dentro do declinante Império Romano, passando, também, a sofrer uma mistura cultural, quase inevitável.
 Dessa forma, a data que hoje conhecemos como atribuída ao Natal, foi definida no ano 336 d.C.  O 25 de dezembro, oficializado no século IV,  originou as festividades do nascimento de Jesus. Foi uma transposição cultural às comemorações, na mesma data, do nascimento de Mitra, o deus-sol de origem Persa.
O Natal, entretanto, aí está, quer seja nos seus aspectos simbólicos, ou no sentimento que impele o ser humano a uma profunda revisão de seus valores. Na crise de civilização que a humanidade  atravessa, a proposta cristã – fundada na ética do amor – é muito mais profunda do que as meras apelações comerciais construídas pela sociedade capitalista.
Na verdade, podemos identificar na mensagem natalina um verdadeiro desafio à reflexão ética. Muito embora sem nada escrever, Jesus Cristo continua influenciando milhões de pessoas, em todo o mundo.  Longe de estarem superados, os seus ensinos morais representam um admirável repositório de sabedoria. Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec na questão 625 indagando os benfeitores espirituais sobre quem seria o Ser que Deus enviou à Terra para nos servir de modelo e guia, obteve como resposta: “Jesus”.
Figura paradigmática, Jesus é o homem mais falado da história. Sobre nenhum outro personagem se escreveu tantos livros, seja para desvendar sua personalidade, para interpretar seus ensinos ou para mencionar seus fatos notáveis. Apesar disso, o jornalista e psicólogo espanhol Juan Árias chegou a afirmar sobre Jesus: “Esse grande desconhecido”.  Antes dele, no entanto, o historiador francês Ernest Renan já havia dito que Jesus era: “Um homem incomparável”.
O Natal não deve ser visto nos acanhados limites dos rituais religiosos ou nos festejos para troca de presentes. A proposta apresenta por Jesus nesses vinte e um séculos de cristianismo é profundamente inovadora, repercutindo numa nova ética para a vida.
Nos dias atuais, marcados por tanta rigidez dos sentimentos, de violência e de desigualdades sociais marcantes caracterizando uma sociedade que atingiu alto nível de desenvolvimento tecnológico, mas que ainda se encontra encarcerada nos grilhões da indiferença, a mensagem do Cristo continua emblemática.


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

INTERPRETAÇÕES

Jerri Almeida
I-A interpretação como problema

Compreender a obra de um determinado autor requer um mergulho responsável, ao longo do tempo, no seu estudo e reflexão, onde o estudioso possa exercer a delicada tarefa de transitar da doxologia (opinião), para a epistemologia (conhecimento). Significa, portanto, que o estudo de uma obra em particular, de um pensador, ou de uma doutrina, exige o deciframento, o mais fiel possível, do conjunto das ideias formuladas. Algo como: uma arqueologia do saber.
Seria ingenuidade, todavia, supor a neutralidade absoluta do sujeito/leitor/pesquisador, nesse processo de “aproximação da verdade”.  A parcela de subjetividade do sujeito responderá, em maior ou menor grau, pela proximidade ou distanciamento da essência de seu objeto de estudo. Assim, o tratamento dos dados, as operações específicas, permite uma relação mais objetiva, poupando o sujeito das artimanhas, armadilhas ou tropeços no suposto conhecimento sobre algo.
Em Obras Póstumas, Kardec escreveu:

É imprescindível o direito de exame e de crítica e o Espiritismo não alimenta a pretensão de subtrair-se ao exame e à crítica, como não tem a de satisfazer a toda gente. Cada um é, pois, livre de o aprovar ou rejeitar; mas para isso, necessário se faz discuti-lo com conhecimento de causa. (Grifos meus)

(Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo. Obras Póstumas, 1ª Parte.)

Não são poucos os conflitos envolvendo o problema das interpretações sobre aspectos doutrinários. Sabemos que o Espiritismo não foi ditado completo, nem imposto à crença cega. Cabe ao ser humano a observação dos fatos, o trabalho de estudar, comentar e comparar a fim de tirar suas próprias ilações e aplicações. No entanto, um dos primeiros problemas que se apresenta é o das interpretações dos textos. Mas, o que é interpretar?
A rigor, podemos definir dois sentidos para o ato de interpretar um texto:

a) a interpretação como desvelamento do seu sentido original;
b) a interpretação como construção de significados pessoais.

O primeiro consiste na ideia de que interpretar é buscar o sentido atribuído ao texto pelo próprio autor. Desta forma, a boa interpretação seria aquela que busca descobrir o que o autor (ou autores, no caso dos espíritos) queria dizer quando escreveu sobre determinado assunto. É o esforço em buscar o seu sentido original.
No segundo caso, busca-se admitir que quem dá o significado para o texto é quem o lê, e não quem o escreveu. Nesse caso, toda interpretação termina sendo um processo essencialmente subjetivo, muito vinculado ao que os gregos chamavam de “doxologia”, ou seja, a livre opinião. E toda interpretação, em tese, poderia ser aceita.
Entretanto, ao estudarmos os livros da Doutrina Espírita, será que toda e qualquer interpretação será válida? Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, quando trata dos Sistemas, analisando os fenômenos mediúnicos que originaram o Espiritismo, assim se pronunciou:

Quando foram averiguados por testemunhos irrecusáveis e através de experiências que todos puderam fazer, aconteceu que cada qual os interpretou a seu modo, de acordo com suas ideias pessoais, suas crenças e seus preconceitos. Daí, o aparecimento dos numerosos sistemas que uma observação mais atenta deveria reduzir ao seu justo valor.

(Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Cap. 4, item 36. )

Quando cada um interpreta do seu modo, como observou Kardec, abrem-se brechas para as ideias pessoais prevalecerem sobre o conteúdo original das obras. Isso representa sempre uma temeridade, pois abre espaço para que os interesses individuais se destaquem. Surgem então erros de interpretação, ideias que agregam ao Espiritismo elementos de outras doutrinas espiritualistas, descaracterizando o seu ensino e sua prática.
Já em sua época, Kardec se preocupava com o que seria publicado em temos de Espiritismo. Mais ainda, quando se tratava de livros mediúnicos. Os critérios utilizados por ele, para analisar esses textos, eram bastante rígidos. Não é demais lembrarmos que aceitar tudo o que venha dos espíritos, ou de qualquer outra fonte, sem o devido exame e cautela, é enveredar por um caminho perigoso e cheio de armadilhas. Analisando as chamadas comunicações apócrifas, o Codificador assim se expressou:

De fato, a facilidade com que algumas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que anima os Espíritos embusteiros. A lhes frustrar os embustes é que todos devem consagrar a máxima atenção; mas, a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria custa.

(Allan Kardec.  O Livro dos Médiuns. Cap. 31, Comunicações apócrifas, XXXIII.)

Allan Kardec enfatiza o estudo como forma de discernimento do que o Espiritismo aceita e daquilo que ele se distancia. Assim, o conhecimento das Obras Básicas, nunca será demais salientar, representa base segura para o entendimento da Doutrina. Todavia, mesmo assim é necessário ter cautela com as interpretações, muitas vezes apressadas, que se fazem também sobre elas.
Interpretar não significa modificar os fundamentos da Doutrina Espírita. Na verdade, a interpretação é um esforço da inteligência por “encontrar um sentido oculto”, que não está, necessariamente, claro. Logo, a capacidade de interpretação é inerente ao ser humano. Deveremos usá-la de forma responsável e compromissada com o conjunto da teoria.
Essa relação dialética se processa também, no diálogo crítico do leitor com a obra. Mas é preciso que esse diálogo se distancie das leituras simplistas, onde, muitas vezes, se busca afirmar o conteúdo doutrinário através de posturas acríticas, influenciadas pela teologia tradicional, pelo primarismo religioso, grilhões que produzem crenças superficiais. Através de sua metodologia, Kardec nos ensinou a dialogar com a fonte das informações usando os instrumentos da razão, da lógica, e do bom senso.


sábado, 2 de novembro de 2013

A PROPÓSITO DA COMEMORAÇÃO DOS MORTOS

Revista Espírita, dezembro de 1864
Da Comunhão do pensamento 
A PROPÓSITO DA COMEMORAÇÃO DOS MORTOS

ALLAN KARDEC

A Sociedade Espírita de Paris reuniu-se especialmente, pela primeira vez, a 2 de novembro de 1864, visando a oferecer uma piedosa lembrança a seus falecidos colegas e irmãos espíritas. Naquela ocasião o Sr. Allan Kardec desenvolveu o princípio da comunhão do pensamento, no discurso seguinte:

Caros irmãos e irmãs espíritas,

Estamos reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para dar aqueles dos nossos irmãos que deixaram a terra, um testemunho particular de simpatia, para continuar as relações de afeição e de fraternidade, que existiam entre eles e nós, enquanto vivos, e para chamar para eles as bondades do Todo-Poderoso. Mas, porque nos reunirmos? porque nos desviarmos de nossas ocupações? Não pode cada um fazer em particular aquilo que nos propomos fazer em comum? Não o faz cada um pelos seus? Não o pode fazer diariamente todos os dias e à cada hora? Qual, então, a utilidade de assim se reunir num dia determinado? É sobre este ponto, senhores, que me proponho apresentar-vos algumas considerações.
O favor com que a ideia desta reunião foi acolhida é a primeira resposta a essas diversas questões. Ela é o índice da necessidade que experimentamos ao nos acharmos juntos numa comunhão de pensamentos.
Comunhão de pensamentos! Compreendemos bem todo o alcance desta expressão? É permitido duvidá-lo, pelo menos do maior número. O Espiritismo, que nos explica tantas coisas pelas leis que revela, ainda vem explicar a causa, os efeitos e a força dessa situação de espírito.
Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento é uma força. É, porém, uma força puramente moral e abstrata? Não: do contrário não se explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, da comunhão de pensamento. Para compreendê-lo é preciso conhecer as propriedades e a ação dos elemento que constituem nessa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-las ensina.
O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria; sem o pensamento o espírito não seria espírito. A vontade não é um atributo especial do espírito; é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento transformado em força motriz. É pela vontade que o espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos num determinado sentido. Mas se tem a força de agir sobre os órgãos materiais, quanto maior não deve ser sobre os elementos fluídicos que nos rodeiam! O pensamento age sobre os fluídos ambientes, como o som sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode, pois, dizer-se com toda a verdade que há nesses fluidos ondas e raios de pensamento que se cruzam sem se confundir, como há no ar ondas e raios sonoros.
Uma assembleia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz a sua nota. Disto resulta uma porção de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição.
Mas, assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes. Se o conjunto for harmônico a impressão é agradável; se for discordante, a impressão será penosa. Ora, por isto, é necessário que o pensamento seja formulado em palavras; a radiação fluídica não deixa de existir, quer seja, ou não expressa. Se todas forem benevolentes, todos os assistentes experimentarão um verdadeiro bem-estar, sentir-se-ão à vontade; mas se se misturarem pensamentos maus, produzirão o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido.
Tal é a causa do sentimento de satisfação que se experimenta numa reunião simpática; aí como que reina uma atmosfera salubre, onde se respira à vontade; dai se sai reconfortado, porque aí nos impregnamos de eflúvios salutares. Assim também se explicam a ansiedade, o mal-estar indefinível dos meios antipáticos, onde pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs.
A comunhão de pensamentos produz, pois, uma espécie de efeito físico que age sobre o moral. Só o Espiritismo poderia faze-lo compreender. O homem o sente instintivamente, desde que procura as reuniões onde sabe encontrar essa comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, colhe novas forças morais; poderia dizer-se que aí recupera pelos alimentos as perdas do corpo material.
Essas considerações, senhores e caros irmãos, parecem nos afastar do objetivo principal de nossa reunião e, contudo, elas para aqui nos conduzem diretamente. As reuniões que têm por objeto a comemoração dos mortos repousam na comunhão de pensamentos. Para compreender a sua utilidade, era necessário bem definir a natureza e os efeitos desta comunhão.
Para a explicação das coisas espirituais, por vezes me sirvo de comparações muito materiais e, talvez mesmo, um tanto forçadas, que nem sempre devem ser tomadas ao pé da letra. Mas é procedendo por analogia, do conhecido para o desconhecido, que chegamos a nos dar conta, ao menos aproximadamente, do que escapa aos nossos sentidos; é tais comparações que a doutrina espírita deve, em grande parte, ter sido facilmente compreendida, mestiço pelas mais vulgares inteligências, ao passo que se eu tivesse ficado nas abstrações da filosofia metafísica, ainda hoje ela não teria sido partilhada senão de algumas inteligências de escol. Ora, desde o princípio, importava que ela fosse aceita pelas massas, porque a opinião das massas exerce uma pressão que acaba fazendo lei e triunfando das oposições mais tenazes. Eis por que me esforcei em simplificá-la e torná-la clara, a fim de a pôr ao alcance de todos, com o risco de a fazer contestada por certa gente quanto ao título de filosofia, por que não é bastante abstrata e saiu do nevoeiro da metafísica clássica.
Aos efeitos que acabo de descrever, tocante a comunhão de pensamentos junta-se um outro, que é sua conseqüência natural, e que importa não perder de vista: é a força que adquire o pensamento, ou a vontade, pelo conjunto dos pensamentos ou vontades reunidas. Sendo a vontade uma força ativa, essa força é multiplicada pelo número de vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo número de braços.
Estabelecido este ponto, concebe-se que nas relações que se estabelecem entre os homens e os Espíritos haja, numa reunião onde reine perfeita comunhão de pensamentos, uma força atrativa ou repulsiva, que nem sempre possui a criatura isolada. Se, até o presente, as reuniões muito numerosas são menos favoráveis, é pela dificuldade de obter uma perfeita homogeneidade de pensamentos, e que se deve à imperfeição da natureza humana na terra. Quanto mais numerosas as reuniões, mais aí se mesclam elementos heterogêneos, que paralisam a ação dos bons elementos, e que são como os grãos de areia numa engrenagem. Assim não é nos mundos mais avançados e tal estado de coisas mudará na terra, à medida que os homens se tornarem melhores.
Para os Espíritas, a comunhão dos pensamentos tem um resultado ainda mais especial. Temos visto o efeito desta comunhão de homem a homem. O Espiritismo nos prova que ele não é menor dos homens aos Espíritos, e reciprocamente. Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pelo número, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos. Também vemos que a tática destes últimos é levar à divisão e ao isolamento. Sozinho, um homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade for corroborada por outras vontades, ele poderá resistir, conforme o axioma: A união faz a força, axioma verdadeiro, tanto no moral quanto no físico.
Por outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada por um pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será ajudada; sua influência salutar não encontrará obstáculos; seus eflúvios fluídicos, não sendo detidos por correntes contrárias, espalhar-se-ão sobre todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pensamento, não cada um em proveito pessoal, mas em proveito de todos, conforme a lei da caridade. Descerão sobre eles como em línguas de fogo, para nos servirmos de uma admirável imagem do Evangelho.
Assim, pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si e, ao mesmo tempo, assistem os Espíritos e são por estes assistidos. As relações do mundo visível e do mundo invisível não são mais individuais, são coletivas e, por isto mesmo, mais poderosas em proveito das massas, como no do individuos. Numa palavra, estabelece a solidariedade, que é a base da fraternidade. Ninguém trabalha para si só, mas para todos; e trabalhando para todos, cada um aí encontra a sua parte. É o que o egoísmo não compreende.
Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que podem e devem exercer toda a sua força, porque o objetivo deve ser o desligamento do pensamento do domínio da matéria. Infelizmente a maioria se afasta deste princípio, à medida que tornam a religião uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quites com Deus e com os homens, desde que praticou uma formula. Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por conta própria e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade, em relação aos outros assistentes: isola-se em meio à multidão e só pensa no céu para si próprio.
Certamente não era assim que o entendia Jesus, quando disse: Quando estiverdes diversos, reunidos em meu nome, eu estarei em vosso meio. Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum. Mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, a sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ação. Os egoístas e os orgulhosos mentem quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por seus discípulos.
Tocados por esses abusos e desvios, algumas pessoas negam a utilidade das assembleias religiosas e, conseqüentemente, dos edifício a elas consagrados. Em seu radicalismo, pensam que seria melhor construir hospícios do que templos, visto como o templo de Deus está em toda a parte e em toda a parte pode ser adorado, que cada um pode orar em sua casa e a qualquer hora, ao passo que os pobres, os doentes e os enfermos necessitam de lugar de refúgio.
Mas porque se cometem abusos, porque se afastam do reto caminho, segue-se que não existe o reto caminho e que é mau tudo de que se abusa? Não, por certo. Falar assim é desconhecer a fonte e os benefícios da comunhão de pensamentos, que deve ser a essência das assembleias religiosas; é ignorar as causas que a provocam. Que os materialistas professam semelhantes idéias, compreende-se; porque, para eles, em tudo fazem abstração da vida espiritual; mas da parte dos espiritualistas e, melhor ainda, dos Espíritas, seria insensatez. O isolamento religioso, como o isolamento social, conduz ao egoísmo. Que alguns homens sejam bastante fortes por si mesmos, fartamente dotados pelo coração, para que sua fé e caridade não necessitem ser aquecidas num foco comum, é possível. Mas não é assim com as massas, a que falta um estimulante, sem o qual poderiam deixar-se tomar pela indiferença. Além disso qual o homem que poderá dizer-se bastante esclarecido para nada ter que aprender no tocante aos interesses futuros? bastante perfeito para prescindir dos conselhos para a vida presente? Será sempre capaz de instruir-se por si mesmo? Não. A maioria necessita de ensinamentos diretos em matéria de religião e moral, como em matéria de ciência. Sem contradita, tais ensinos podem ser dados em toda a parte, sob a abóbada do céu, como sob a de um templo. Mas, por que os homens não haveriam de ter lugares especiais para as coisas celestes, como os têm para as terrenas? Porque não teriam assembleias religiosas, como têm assembleias políticas, científicas e industriais? Isto impede as fundações em beneficio dos infelizes. Dizemos, ainda mais, que quando os homens compreenderem melhor seus interesses do céu, haverá menos gente nos hospícios.
Falando de maneira geral e sem alusão a nenhum culto, se as assembleias religiosas muitas vezes se afastaram de seu objetivo principal, que é a comunhão fraterna do pensamento; se o ensino que aí é dado nem sempre seguiu o movimento progressivo da humanidade, é que os homens não cumprem todos os progressos ao mesmo tempo; o que não fazem num período, fazem em outro; à medida que se esclarecem, vêem as lacunas existentes em suas instituições, e as preenchem; compreendem que o que era bom numa época, em relação ao grau de civilização, torna-se insuficiente numa etapa mais adiantada, e restabelecem o nível. Sabemos que o Espiritismo é a grande alavanca do progresso em todas as coisas; ele marca uma era de renovação. Saibamos, pois, esperar, e não peçamos a uma época mais do que ela pode dar. Como as plantas, é preciso que as idéias amadureçam para colher os frutos. Saibamos, além disso, fazer as necessárias concessões às épocas de transição, porque nada na natureza se opera de maneira brusca e instantânea.
Em razão do motivo que hoje nos reúne, senhores e caros irmãos, julguei oportuno aproveitar a circunstância para desenvolver o princípio da comunhão de pensamentos, do ponto de vista do Espiritismo. Sendo o nosso objetivo unirmo-nos em intenção para oferecer, em comum, um testemunho particular de simpatia aos nossos irmãos falecidos, poderia ser útil chamar nossa atenção para as vantagens da reunião. Graças ao Espiritismo, compreendemos a força e os efeitos do pensamento coletivo; podemos melhor explicar-nos o sentimento de bem-estar que se experimenta num meio homogêneo e simpático; mas, igualmente, sabemos que o mesmo se dá com os Espíritos, porque eles sabem receber os eflúvios de todos os pensamentos benevolentes, que para eles se elevam, como uma nuvem de perfume. Os que são felizes experimentam a maior alegria neste concerto harmonioso; os que sofrem sentem com isto o maior alívio.Cada um de nós, em particular, ora de preferência por aqueles que o interessam ou que mais estima. Façamos que aqui todos tenham sua parte nas preces dirigidas a Deus.

sábado, 26 de outubro de 2013

LUC FERRY: UM OLHAR SOBRE O AMOR

“O amor é uma das poucas coisas absolutas, indiscutíveis hoje em dia. E a única coisa capaz de dar sentido à vida é o absoluto. Antigamente, o valor absoluto era uma coisa transcendente, ou seja, superior a nós, como Deus e a eternidade. O valor absoluto caía do céu. Mas, agora, ele está em nós. É o que chamo de transcendência na imanência. É mais ou menos como quando alguém se apaixona: ele descobre a transcendência do outro, mas consciente de que o sentimento foi criado dentro de si. Hoje, a verdade não é mais descoberta  sob argumentos autoritários e superiores, mas na sua parte mais íntima – o coração.”

Assista Luc Ferry: A sabedoria do amor: existem três relações que podemos estabelecer com aqueles que amamos: http://youtu.be/rrT5xt1SWQI

A boa vida: morte, doença, educação e banalidades do cotidiano são questões ara além da moral: http://youtu.be/zwIfuuYgnr0

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O MOMENTO É DE REVISITARMOS KARDEC!



 Jerri Almeida

Se um grande problema no entendimento do espiritismo é o estudo fragmentado, sem conexão entre os textos de Kardec, podemos considerar que isso irá repercutir em outro problema: a não compreensão, ou compreensão distorcida e limitada, de algumas palavras utilizadas pelos espíritos ou pelo próprio Kardec. Uma leitura apressada compromete o entendimento de toda teoria. Uma palavra costumeira poderá ser empregada, dentro de uma doutrina, com outro sentido, diferente daquele que estamos habituados.  Assim, se fizermos uma leitura fragmentada, atribuiremos um significado cotidiano para certa palavra, nos distanciando do seu real significado no conjunto da teoria. Um exemplo bem significativo é a palavra “castigo” (ou “punição”), por vezes encontrada em questões (258 a., 295, 328, 714 a., 964, 973, 1009...) de O Livro dos Espíritos.
Uma leitura impulsiva, superficial, desses textos poderá levar o leitor à conclusão de que Deus castiga o ser humano em seus deslizes vivenciais. Kardec, na questão 258 a., chegou indagar: “Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo?”. As crenças equivocadas que construímos sobre Deus, ao longo de séculos de teologia do medo, ao lado de explicações pueris para os sofrimentos humanos, criou um arquétipo em nosso psiquismo do Deus, como dizia Voltaire, “a imagem e semelhança do homem”. Trata-se do deus Javístico, possuidor das mesmas imperfeições humanas.
Após longos séculos de vivências de um imaginário religioso arbitrário, chegamos ao espiritismo e somos convidados por ele a mudarmos esse imaginário perverso. Ocorre que mesmo aí, o espiritismo não foi bem compreendido. Para muitos, que costumam fazer leituras fragmentadas, Deus continua castigando. Não perceberam que o termo “castigo” utilizado nas obras, longe de expressar aquele conceito teológico tradicional, traduz uma ação educativa, como consequência natural, derivada de certos movimentos das experiências vivenciais do espírito. A forma como nos movimentamos na vida, repercute como ondulações de variadas intensidades, gerando processos/estímulos que objetivam a harmonia do sistema indivíduo/evolução.
Ainda não compreendemos muitas coisas sobre Deus, o que é natural, mas já percebemos o que não deriva Dele. O espiritismo não é reducionista, sua base teórica não repousa na teologia, mas na experimentação e na filosofia, o que lhe permitiu desenvolver um pensamento aberto, antidogmático, crítico e, portanto, racionalista. Não viria ele reafirmar princípios já existentes e ultrapassados para o pensamento moderno. Por isso, chamamos atenção para o estudo meticuloso, integrado ou sistêmico das obras básicas e dos demais escritos de Kardec. Somente assim, evitaremos o entendimento simplista dos princípios espíritas.
O momento é de revisitarmos Kardec! Retomarmos o estudo meticuloso de sua variada obra, pois dessa forma, ouvindo a voz da essência, compreenderemos o que é de fato o espiritismo.

(O Semeador, outubro de 2013)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Uma história emocionante!



Quando o senhor Brown chegou ao hospital, em uma pequena cidade da Irlanda, recebeu a notícia de que sua esposa havia dado à luz a um menino. Corria o ano de 1932. O casal Brown, como seria de se esperar, havia idealizado um filho dentro dos padrões “normais”. Criaram, certamente, expectativas de estarem gerando uma criança sadia, que seguiria um desenvolvimento natural, repleto de situações alegres. Ele iria mamar, engatinhar, aprender os primeiros passos, balbuciar pequenas sílabas, falar “mamãe” e “papai”, entrar para a escola, se formar, etc.
Mas, naquele dia em que chegou ao hospital, o senhor Brown foi tomado de um enorme choque ao ouvir dos médicos que seu filho nascera com uma paralisia cerebral que lhe tiraria todos os movimentos do corpo e que, portanto, com sorte, seu filho iria ser um pouco mais que um vegetal. Nesse momento inesperado, diante da negativa de um filho idealizado, o pai, confuso, deixa-se tomar por um sentimento de fracasso por gerar um filho deficiente.
O menino, que receberia o nome de Christy Brown, possuía movimentos somente em seu pé esquerdo. Durante sua infância e juventude, Christy viveu em uma casa simples com sua família. Sua mãe cuidava, também, de seus outros filhos e se dedicava às atividades domésticas, além de passar para os filhos uma educação religiosa com base em valores éticos. O pai, de temperamento autoritário, vivia trabalhando para sustentar o lar, conforme os padrões familiares da época.
Christy observava tudo em sua volta, buscando, apesar de suas dificuldades, interagir com a família. Mas a dificuldade de comunicação era enorme devido ao comprometimento motor e a desarmonia dos músculos da face, que obstaculizavam a articulação da fala. Sua postura e sua mobilidade enfrentavam igual complicação, Dessa forma, após algum tempo, Christy ganhou um carrinho de mão para ser transportado, já que sua família não possuía recursos para comprar uma cadeira de rodas.
Movido por um grande amor pela vida, Christy Brown, ao longo do tempo, passou a demonstrar sua inteligência e sensibilidade, quer jogando futebol com seus amigos na rua, onde ficava deitado na calçada buscando com seu pé atingir a bola, ou em casa, através de olhares afetuosos para sua família. Dessa forma, vivia com um semblante de quem não desanimava diante da existência de desafios.
Talvez um dos momentos mais marcantes da vida de Christy, foi quando ele, ainda criança, segurou, com grande esforço, um giz entre os dedos do pé esquerdo e conseguiu escrever a palavra “mamãe”, diante do espanto e surpresa de toda a família. Naquela emoção que envolveu o ambiente familiar, o senhor Brown, seu pai, pega o menino nos ombros e o leva até o bar, apresentando-o a seus amigos, não como um inválido, mas como um “gênio”.
Movimentando somente seu “pé esquerdo”, Christy descobriu que podia pintar e passou a produzir quadros. Descobriu, também, a leitura e a escrita, e tornou-se escritor. Sua primeira obra foi a história de sua própria vida. Em 1959, conheceu Mary Carr, com quem terminou se casando tempos depois. O marcante em sua história não é, como alguns poderiam pensar, suas deficiências, mas a sua determinação em superá-las, não se permitindo desanimar ou deprimir.
A história de Christy Brown foi para o cinema através do filme “Meu pé esquerdo”, do diretor Daniel Day Lewis. Sua vida é uma lição de sabedoria, vivenciada em face aos desafios das limitações impostas por um corpo frágil. Christy era, no entanto, um espírito determinado, com grande potencial interior e forca de vida para ser feliz.

Do livro: O Desafio da Felicidade: em um mundo em transformação. Jerri Almeida. Ed. Francisco Spinelli, 2007.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O QUE É O ESPIRITISMO EM 11 AFIRMAÇÕES DE ALLAN KARDEC



1.O QUE É O ESPIRITISMO.
In “Iniciação Espírita” – EDICEL – 9ª edição - Introdução - 1859
“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações. Podemos assim defini-lo: O ESPIRITISMO É UMA CIÊNCIA QUE TRATA DA NATUREZA, DA ORIGEM E DO DESTINO DOS ESPÍRITOS, E DE SUAS RELAÇÕES COM O MUNDO CORPORAL” Allan Kardec.

2.O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. 1, item 6.
“O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo invisível e as suas relações com o mundo visível.”  Allan Kardec.

3.A GÊNESE – Cap. 1, item 13
“[...] enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega: porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações.”  Allan Kardec.

4.O QUE É O ESPIRITISMO – Terceiro Diálogo
"O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e não se ocupa de questões dogmáticas. Esta ciência tem consequências morais, como todas as ciências filosóficas. (...) Seu verdadeiro caráter é, portanto, o de uma ciência e não o de uma religião”.  Allan Kardec.

5.A GÊNESE – Cap. 1, item 55
“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”

6.REVISTA ESPÍRITA – JULHO DE 1859.
Resposta à réplica do Abade Chesnel em “L’Univers”
“Realmente, senhor abade, é abusar do direito de interpretar as palavras. Como já o disse, o Espiritismo está fora de todas as crenças dogmáticas, com o que não se preocupa; nós o consideramos uma ciência filosófica que nos explica uma porção de coisas que não compreendemos e, por isso mesmo, em vez de abafar as ideias religiosas como certas filosofias, fá-las brotar naqueles em que elas não existem. Se, entretanto, o quiserdes elevar a todo custo ao plano de uma religião, vós o atirais num caminho novo.”  Allan Kardec.

7.REVISTA ESPÍRITA – ABRIL DE 1862.
Consequências da doutrina da reencarnação
“Todas as questões morais, psicológicas e metafísicas se ligam de maneira mais ou menos direta à questão do futuro. Disso resulta que essa última questão, em certo modo, depende da racionalidade de todas as doutrinas filosóficas e religiosas. Por sua vez, o Espiritismo vem, não como uma religião, mas como doutrina filosófica, trazer a sua teoria, apoiada no fato das manifestações.” Allan Kardec.

8.REVISTA ESPÍRITA – Dezembro de 1861 – Organização do Espiritismo, item 17.
“Como se vê, nossas instruções se dirigem exclusivamente aos grupos formados por elementos sérios e homogêneos; os que querem seguir a rota do Espiritismo moral, visando o progresso de cada um, fim essencial e único da doutrina.” Allan Kardec

9.O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Conclusão, item 6.
“Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso.”  Allan Kardec.

10.O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Conclusão, item 7.
“O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o das manifestações, o dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses princípios. Daí, três classes, ou, antes, três graus de adeptos: 1º os que creem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo é uma ciência experimental; 2º os que lhe percebem as consequências morais; 3º os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Qualquer que seja o ponto de vista, científico ou moral, sob que considerem esses estranhos fenômenos, todos compreendem constituírem eles uma ordem, inteiramente nova de ideias, que surge e da qual não pode deixar de resultar uma profunda modificação no estado da Humanidade e compreendem igualmente que essa modificação não pode deixar, de operar-se no sentido do bem.”  Allan Kardec.

11.O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Conclusão, item 8.
“Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. Mas, perguntamos, por nossa vez: Antes que viesse o Cristo, não tinham os homens a lei dada por Deus a Moisés? A doutrina do Cristo não se acha contida no Decálogo? Dir-se-á, por isso, que a moral de Jesus era inútil? Perguntaremos, ainda, aos que negam utilidade à moral espírita: Por que tão pouco praticada é a do Cristo? E por que, exatamente os que com justiça lhe proclamam a sublimidade, são os primeiros a violar lhe o preceito capital: o da caridade universal? Os Espíritos vêm não só confirma-la, mas também mostrar-nos a sua utilidade prática. Tornam inteligíveis e patentes verdades que haviam sido ensinadas sob a forma alegórica.” Allan Kardec.

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