quarta-feira, 20 de abril de 2011

NOSSOS POTENCIAIS

Conta uma antiga fábula que na China antiga, havia um reino que enfrentava muitos problemas. A miséria se alastrava e, apesar de haver muitas terras, a agricultura estava em crise. O rei, certo dia, percebendo os desafios de seu reinado, reuniu suas quatro filhas e avisou-lhes que iria fazer uma grande viagem em volta do mundo. Dessa forma, buscaria mais sabedoria e experiências para governar seu reino e prover as melhoras necessárias. Despediu-se de suas filhas, chamando-as uma a uma. Abraçou afetuosamente a primeira filha dando-lhe um presente: um grão de arroz;  a segunda filha igualmente recebeu um abraço e um grão de arroz.A terceira e a quarta, da mesma forma.
Com a ausência do pai, a primeira filha chamou um artesão do castelo e ordenou-lhe que fizesse uma caixa de ouro para guardar aquele presente. A segunda filha, de forma autoritária ordenou a uma costureira do castelo que fabricasse uma bolsa de sedas finas da Pérsia, onde acondicionou aquele pequeno grão de arroz e guardou entre seus pertences. A terceira filha, asseverando que seu pai já estava muito velho e, provavelmente, perturbado mentalmente, olhou para aquele pequeno grão de arroz e sem ver maior significado naquele presente jogou fora. A quarta filha, pegou aquele grão, dirigiu-se à enorme janela do castelo, observando os campos ociosos, e mergulhou em profundas reflexões.
O tempo passou! O rei estava de volta, agora, muito mais sábio e enriquecido pelas tantas experiências da viagem. Logo, reuniu as filhas na grande sala da casa senhorial. Chamou a primeira filha e perguntou o que havia feito do presente que ele lhe tinha dado. Ela mostrou o cuidado e o carinho com o valioso tesouro, bem resguardado em um pote de ouro. A segunda filha, igualmente, considerou seu cuidado em guardá-lo entre suas outras riquezas. A terceira filha, correu rapidamente na cozinha do castelo: “- Há! Grão de arroz é tudo igual”. Pegou um grão qualquer e, diante do velho pai considerou de forma hipócrita: “- Eu o guardei com tanto carinho!” Finalmente chegou a vez da quarta filha.   Amorosa, ela abraçou seu pai e o convidou a aproximar-se da grande janela. Contou que quando recebeu aquele grão de arroz como presente imaginou que tratava-se de alguma mensagem que seu pai lhe desejava transmitir e ficou pensando e refletindo. Observou os campos ociosos e os camponeses famintos. Então lhe surgiu uma idéia! Quem sabe, se plantasse aquele pequeno grão, cuidando dele e lhe oferecendo as condições necessárias, ele poderia germinar, florescer... Quando o rei olhou pela janela e avistou um fabuloso arrozal de vastas proporções, os camponeses trabalhando a terra, o alimento era farto, ele percebeu emocionado que aquela filha soubera fazer florescer os dons da vida.
Transformar os elementos da vida em recursos produtivos, de crescimento interior e humanístico, faz parte do desenvolvimento do processo criativo da criatura humana, que permite “fazer florescer” a felicidade. Muitas pessoas são infelizes porque vivem, à semelhança das três primeiras filhas do rei, submersas na inconsciência sobre o verdadeiro sentido dos valores da vida. Vivem, numa consciência de sono, adormecidas, sem idealismo, nutrindo suas angústias e frustrações de um passado perdido, ou então, permanecem escravizadas no desejo individualista de possuir o que não têm. Esses estados mentais ensejam uma espécie de “letargia” em relação a sua felicidade e a sua potencialidade criativa.
Estamos nos ensaiando no campo da experiência pessoal e convivencial, para o despertar de uma consciência cósmica de integração com a vida: “Eu e o Pai somos um!” Nessa caminhada, é imperativo o desenvolvimento do amor. A pessoa psicologicamente imatura deseja sempre “receber” da vida, tornando-se um eterno pedinte. O homem sábio, e feliz, constrói sua felicidade tornando-se útil à vida. Doa-se, sem jamais requerer algo em troca, pois percebe que sua satisfação é fruto da sintonia com o Universo, que serve na quietude de sua grandeza.
O próprio Universo é maravilhosamente dinâmico. Para Von Dech, o filósofo grego Heráclito acreditava que a maioria das pessoas não consegue perceber essa grandeza da vida por viverem reféns de sua forma limitada de perceber os valores mais profundos. É aquela velha questão: “tem gente que não consegue agarrar o que está bem na palma de sua mão.” Assim, a felicidade é uma possibilidade potencial de todas as pessoas. Jesus, o notável profeta Galileu, nada falou em contrário e, de lá para cá, diversos pensadores e religiosos reafirmam que o estado de felicidade é fruto de uma opção consciente, regada ao sabor do esforço e da doação pessoal.


Do Livro: O Desafio da Felicidade - Em um mundo em tranformação. Porto Alegre: Ed. Francisco Spinelli, 2007. De Jerri Almeida

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A CONVIVÊNCIA NA CASA ESPÍRITA


"O livro nos fala, fundamentalmente, do valor da convivência na casa espírita que, sendo fiel aos postulados kardequianos, logrará atender aos seus deveres maiores em consonância a função regeneradora da Doutrina dos Espíritos junto à humanidade.
            Na manutenção dos relacionamentos humanos na casa espírita, fica evidente na obra, que o “calcanhar de Aquiles” está em nossas próprias imperfeições que, por sua vez, podem prejudicar a missão institucional do centro espírita através de ações que as materializam no labor, quando a nossa sombra interior ainda predomina em nossos comportamentos.
            O autor também nos alerta quanto às “rachaduras” que favorecem a ação espiritual perturbadora no âmbito de nossas instituições, destacando dentre as posturas aflitivas adotadas: o ciúme, as intrigas, as disputas internas, os melindres e os corrosivos ressentimentos. Entretanto, não deixa de apontar os saberes necessários à superação dessas problemáticas através da perfeita comunhão de vistas e sentimentos, da cordialidade recíproca que deve nortear a nossa convivência e da presença predominante da caridade cristã, além do desejo real de instrução e melhoramento individual dos que fazemos parte do quadro de colaboradores dos grupos espíritas.
            Recordemos que, como alternativa à humanidade sedenta de espiritualidade e,  por vezes, perdida num deserto de sentido existencial aparentemente insolúvel nos discursos do materialismo científico, tanto quanto, na ilusão do formalismo religioso, o Espiritismo vem re-ensinar o Cristianismo do Cristo, comunicando os meios práticos de sua aplicação no planeta interno e na práxis social."

Vinícius Lousada
Mestre em Educação, escritor e expositor espírita

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