domingo, 28 de agosto de 2011

BREVE ESTUDO SOBRE O "PASSE ESPÍRITA"

FLUIDOS

“Tendo em vista a dificuldade que geralmente se tem em abstrair-se o conceito de energia ou o de fluidos, dificuldade essa que reside justamente no entendimento de que matéria e energia são, na verdade, apenas variação de estados”. Imaginemos duas pontas de uma mesma régua onde existe a graduação desde a energia pura e primitiva, que é o fluido cósmico universal, até a mais densa matéria.
Desta forma podemos pensar em "energia densa" ou "matéria rarefeita", que estaremos falando dos estágios intermediários destes dois pontos, assim como quando falamos em gelo, água e vapor d’água estamos nos referindo aos estados sólido, líquido e gasoso da mesma água.
O fluido cósmico universal é a essência de tudo o que conhecemos e que ainda não conhecemos, mas que faz parte da realidade “material”.  Allan Kardec em “A Gênese” Cap. XIV, faz um estudo profundo, sobre a teoria dos fluidos. Estamos convencidos de que, quem deseje conhecer a dinâmica da fluidoterapia, deva realizar um estudo aprofundado desse capítulo, sob pena da pessoa ficar na superficialidade do conhecimento, sem a devida base, cujo alicerce fundamental, encontra-se exatamente nessa obra.

CORRELAÇÃO: PASSES E PERISPÍRITO

Sendo o perispírito o corpo ou modelo organizador biológico, possuí em sua estrutura anátomo-fisiológica múltiplas propriedades necessárias a manutenção da vida psíco-física. A mais relevante, para o nosso estudo, é a capacidade de emitir e absorver energias, tanto do meio exterior (pessoas, natureza, espíritos desencarnados, etc) como do próprio interior (zona do espírito) e do corpo físico. Já que o perispírito é esse elo de comunicação entre o espírito e o corpo, ele assemelha-se, simbolicamente, a uma via de duas mãos, recebendo e transmitindo energias. Esse processo ocorre, principalmente, através dos centros de forças que são, núcleos transdutores ou reguladores de energias da matéria para o espírito e do espírito para a matéria.
Estamos imersos num mar de fluidos, derivados do fluido cósmico universal, absorvendo e metabolizando o Fluido Vital, que por si só, separado da matéria, que animaliza, não tem existência. Essa absorção que se dá automaticamente e é feita pelos denominados Centros de Força, constituídos por uma série de vórtices semelhantes a rodas que fazem parte da fisiologia do perispírito. Os principais Centros de Força são em número de sete. Esses pelo seu desempenho são denominados por André Luiz de Centros Vitais. Os centros vitais são fulcros energéticos que, sob a direção automática do espírito, imprimem às células a especialização para a plasmagem dos recursos perispirituais e organicistas

(Ver “Evolução em Dois Mundos" – André Luiz – Cap. II)

O Centro Coronário representa a expressão máxima dentre eles, embora exista um justo regime de interdependência entre todos. O Coronário é fundamental na fluidoterapia, justamente por ser um centro que supervisiona e coordena os demais, assimilando os estímulos do plano superior, orientando a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada e desencarnada. É, portanto, o centro receptor de energias e distribuidor. Ele absorve os fluidos, na recepção do passe, e se encarrega de distribui-los para aqueles centros onde há maior carência ou perda energética, visando restaurar o equilíbrio daquele sistema. Então a fluidoterapia atua no psicossoma ou perispírito com repercussões e reflexos no corpo físico.

IMPOSIÇÃO DE MÃOS

Devido o Centro Coronário ser o centro receptor de energias e retransmissor para os demais, justifica-se, que o passe espírita é somente uma imposição de mãos. Vamos fazer uma analogia: quando uma pessoa está com infeção na garganta ela não recebe uma injeção de antibióticos naquele local. A injeção é feita no músculo e o medicamento entra na corrente sangüínea e é conduzido por ela, a fim de fortalecer o sistema imunológico, etc, restaurando a saúde daquele órgão afetado. Fato semelhante ocorre com a ação fluidoterápica.
Outro aspecto importantíssimo é que o Espiritismo é uma doutrina de essência, simplicidade, e não de forma. A prática espírita, qualquer que for, deverá sempre cultivar esse principio. A transmissão do passe se encaixa nesse aspecto.
A pessoa que possui merecimento e cria as condições predisponentes de sintonia com o bem, recebe o amparo da espiritualidade superior. Então não precisamos fazer um “curso de balé” para transmitir o passe. Adotamos a serenidade de pensamentos em prece, a elevação nos propósitos, o conhecimento espírita, o sentimento no bem e a simplicidade na prática.
Vejamos a opinião abalizada do eminente prof. Herculano Pires:

O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas de um passado já há muito superado. Os espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas apenas à prece e a imposição das mãos.”
 
(Herculano Pires. Obsessão, O Passe, A Doutrinação. Ed. Paideia.)

TIPOS DE PASSES

Allan Kardec fala em “A gênese” Cap. XIV, item 33, que a ação fluídica pode produzir-se de três formas: 1º. Pelo próprio fluido animalizado (fluido vital/material) da pessoa, sem a influencia dos espíritos desencarnados (Como identificar que é somente nosso ?); 2º. Pelo fluido dos espíritos, atuando diretamente, e sem intermediário, sobre os necessitados; 3º. Pelos fluidos que os espíritos irradiam sobre o médium. É o passe misto. Combinado com o fluido humano (vital), o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Muitas vezes, acrescentado propriedades terapêuticas  e lenitivas. É, normalmente, o tipo de passe utilizado em nossas Casas Espíritas.

NECESSIDADE DE RECEBER SEMPRE O PASSE

“Esclarecer os companheiros quanto à inconveniência da petição de passe todos os dias, sem necessidade real, para que esse gênero de auxílio não se transforme em mania.”
(André Luiz – Conduta Espírita)

É fundamental desenvolvermos campanhas permanentes de esclarecimentos em relação ao uso abusivo do passe. Como vimos, a fluidoterapia é uma terapêutica com base nos fluidos reparadores. Logo, o passe é “remédio” e, somente toma remédio quem realmente está doente! Então, porque criarmos ou mantermos a “cultura do papa-passe”? Será possível que todo mundo que vem em nossas Casas Espíritas estão “doentes sempre”? Ou será que a idéia de “tomar passe” sempre que ir na Casa Espírita virou condicionamento, na maioria das vezes, gerados pelos próprios dirigentes e trabalhadores espíritas?
O Espiritismo é uma doutrina de libertação e não de condicionamentos. Mas quem deve esclarecer, e dar o exemplo disso somos nós, trabalhadores espíritas. O povo ou vem mal informado ou sem esclarecimento sobre essa questão, então, logicamente, cabe a instituição esclarecê-los adequadamente.
O trabalho de esclarecer criaturas cristalizadas em práticas viciosas é realmente desafiador, mas imprescindível. Sugerimos a abordagem de palestras públicas, sistemáticas,  sobre essa questão. Da mesma forma, a organização de campanhas educativas com cartazes, folhetos e, a lembrança constante feita pelo coordenador da palestra, da desnecessidade de quem estiver bem receber passes. Informando que, muitas vezes, já recebemos o “passe espiritual” durante a palestra, pois é ali que intensificamos a nossa psicosfera mental positiva, graças aos esclarecimentos e estímulos do conteúdo doutrinário.

Referências Bibliográficas

Allan Kardec. A Gênese. Cap. XIV. Ed. Feb. 
André Luiz . Evolução em Dois Mundos. Cap. II. Ed. Feb. 
Herculano Pires. Obsessão, O Passe, A Doutrinação. Ed. Paideia.
Fergs. Apostila: Fluidoterapia. CTE.
Jornal Diálogo Espírita n.º 28/Fergs.


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