Conforme noticiou o jornal O Sul (23/01/2011 – pág. 9), um grupo formado por ex-presidentes, alguns ganhadores do Prêmio Nobel, grandes empresários e especialistas em saúde, formou-se num projeto inédito que pretende analisar e buscar alternativas para as políticas de combate às drogas no mundo. Nesse dia 24 de janeiro, a chamada Comissão Global Sobre Políticas de Drogas se reunirá em Genebra, na Suíça.
O grupo que será comandado pelo ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, preliminarmente, já constatou a ineficácia das políticas de combate às drogas, pelo menos, nos últimos 40 anos. Segundo informa à notícia: “Uma das conclusões do trabalho da comissão regional foi a constatação de que a guerra contra as drogas não funcionou e que novas políticas ainda deveriam ser pensadas, inclusive os benefícios e riscos de uma eventual eliminação de penas criminais contra a posse de maconha.”
O grupo debaterá políticas mais “criativas” e mais “eficientes” do que a “mera erradicação da produção ou a criminalização do consumo.” O tal grupo discutirá novas propostas para uma “reformulação da política de drogas no mundo.” Realmente estamos diante de tempos difíceis! Impressiona a forma como se procura saídas ingênuas e inócuas para o grave problema das drogas. O discurso de legalização da maconha é um verdadeiro atestado de falência e de inoperância das autoridades responsáveis.
A diminuição da sua importância, enquanto uma droga, sim, é erro grave com terríveis reflexos para a sociedade mundial. A maconha é sabidamente a “porta de entrada” para outras drogas mais pesadas, além de causar mais câncer do que o cigarro, conforme reconhece o Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas e o Ministério da Saúde.
Se, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime, aproximadamente 155 milhões de pessoas no mundo consomem drogas ilícitas e, desse total, 129 milhões são usuários de maconha, se houvesse a descriminalização do uso, esses números aumentariam ou invés de reduzir. Entretanto, aventa-se que a legalização acabaria com o tráfico, pelo menos dessa erva. Ledo engano! A existência de um comércio legal, livre, não acaba com o comércio ilegal. Vejamos o exemplo do comércio “pirata” dos DVDs, dos CDs, dos Celulares, para citarmos apenas alguns.
A chamada “pirataria” ou o “comércio ilegal" (mesmo de algo que seja legalizado) não obedece às leis do mercado e nem da sociedade. Por que com a “liberação” da maconha seria diferente? Esse tipo de pensamento “simplista”, além de nada resolver de fato, poderá abrir novas discussões também para a “descriminalização do aborto”, para a “descriminalização do crime” e, aonde vamos parar?
A problemática das drogas e das dependências é dilema complexo de nossa civilização. Os órgãos e setores da sociedade que possuem o poder de criar representações culturais, hábitos de vida, padrões de comportamentos e valores (novelas, filmes, literatura, programas da grande e pequena mídia, empresários, entre outros), realmente deveriam intensificar esforços numa mudança mental dessa cultura hedonista, alienante, que estimula o sujeito cotidianamente ao uso das drogas, do álcool e dos remédios.
Enquanto não houver uma conscientização ético-espiritual do homem sobre o valor da vida, a liberação ou descriminalização de certas drogas não anulará o tráfico, mas somente fará com que surjam novas formas de crime organizado, alimentados pela corrupção e pela ambição, que movimentará, por exemplo, o “contrabando ilegal de drogas” e assim por diante.
Do ponto de vista espiritual, a descriminalização da maconha seria uma recrudescência ao passado tribal do homem, definindo para o futuro próximo, quadros de sofrimento psíquico, familiar e social ainda mais sinistros. Da mesma forma que acontece com o cigarro, o imposto arrecadado sobre um suposto comércio liberado da maconha, seria insuficiente para que o sistema de saúde dos países conseguissem atender às doenças que ela acarreta.
Só nos resta orar para que tal proposição se afaste das mentes desses homens.