domingo, 25 de julho de 2010

separações

O Espiritismo não combate, mas também não incentiva as separações. Há situações em que a opção por separar-se é apressada, pois todo relacionamento exige certo tempo para maturar. É comum o ser humano buscar soluções rápidas e simplistas para os seus dilemas existenciais. Em outros casos, no entanto, a separação é oportuna e representa um caminho para evitarem-se maiores comprometimentos espirituais, principalmente, no que tange à violência doméstica e aos crimes passionais.
O rompimento de uma relação, embora seja um processo de sofrimento, exige que o casal se mantenha numa postura de respeito mútuo, mesmo que um deles se sinta vitimado, o que é comum nesses casos. Quando há filhos envolvidos, então, esse cuidado deve ser redobrado, a fim de se diminuir o impacto que toda essa situação irá ter sobre eles. O espírito Camilo, no livro: Desafios da Vida Familiar, assim se refere:

Quando os argumentos não mais se ajustarem, quando nenhum acordo de manutenção do lar for viável, que se libertem, reciprocamente, apesar dos sofrimentos, posto que uma pessoa não é obrigada a escravizar-se ao sentimento de outra. Mas tudo deve ser tratado com muita limpidez, a fim de que os liames remanescentes sejam de respeito e consideração, de amizade mesmo, principalmente se há filhos implicados na situação. (p. 114)


Observa-se um foco de preocupação, claramente visível, com a questão dos filhos nesse processo. Vivemos um contexto histórico muito delicado, onde a separação cada vez mais frequente dos casais termina, em muitos casos, gerando um distanciamento dos papéis educativos. Como ainda é mais comum os filhos ficarem com a mãe, o fato pai não estar mais “vivendo junto”, não o libera de suas funções afetivas e educativas. O pai poderá não estar “junto”, mas continuar “presente” na vida dos filhos, cumprindo com seu papel de pai. Nem sempre os pais que estão juntos são presentes, e também não significa que para ser presente na vida dos filhos, o pai deva estar sempre junto.
Muitos casamentos se rompem quando os filhos estão com menos de 15 anos de idade. As crianças possuem formas diferentes de expressarem suas dores, angústias e tristezas. Alertam os especialistas que os conflitos entre os cônjuges, antes, durante e após a separação, tendem a ter um impacto maior sobre o mundo emocional dos filhos do que a separação em si. O psiquiatra Sérgio Lopes explica que: “Há pais que consideram a existência dos filhos numa crise conjugal e outros não. Uns ficam tão envolvidos em suas próprias mágoas e decepções que esquecem dos filhos.”
Às vezes, a grandeza de uma alma não está na forma como ela se aproxima de outra, mas na forma como se afasta. Outro aspecto importante para ser considerado é o sentimento de uma eventual reconciliação. Diante da separação consumada, quando não consensual, a reação freqüente é que um, pelo menos, continue nutrindo a esperança de que o outro volte recompor a união. Algumas vezes realmente pode acontecer que, após uma separação “saudável”, o casal se reencontre pelas veredas da vida, e de forma mais amadurecida resolva retomar os antigos vínculos, jamais esquecidos.
Todavia, viver na obsessiva esperança de que a reconciliação aconteça, mais dia, menos dia, cria uma expectativa angustiante. A pessoa perde o seu sentido existencial, torna-se inconveniente no grupo social, pois seu assunto é sempre o mesmo, demonstrando que, no fundo, mantém um ressentimento ainda não superado.
Mesmo diante das sequelas emocionais de uma separação, é de se esperar que as pessoas retomem suas vidas, buscando o fortalecimento espiritual e psicológico para enfrentar com dignidade e elevação tal ocorrência.

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