sexta-feira, 17 de junho de 2011

OS QUE SE AFASTAM

As divergências que culminam em dissidências atestam a falência do entendimento, que deveria caracterizar as relações amadurecidas espiritualmente.  Significa dizer que devemos nos empenhar para evitar  mágoas e ressentimentos, a fim de manter-se  o equilíbrio  do grupo.  Cabe ao trabalhador espírita colaborar com suas preces para reduzir a atmosfera de instabilidade na instituição, sem jamais esquecer que o exercício do perdão é tarefa diária.
Mas, além dos que se afastam de uma Casa espírita, e fundam ou transferem-se para outra, existem os que terminam por abandonar o Espiritismo. Kardec aludiu que muitos se afastam porque recuam ante a proposta de se reformarem, buscando outros grupos com os quais verdadeiramente se afeiçoem.  Outros, ainda, se afastam acreditando poderem fazer, com mais liberdade, outras práticas de auxílio ao ser humano. Pois bem, se realmente fizerem algo melhor, ótimo! Cada indivíduo é livre devido a sua própria consciência, e sua decisão deve ser respeitada. Na Casa espírita, quando uns abandonam seus encargos, outros passam a assumi-los.
Escreveu Kardec, no item 337 de O Livro dos Médiuns que:


... todo aquele que numa reunião espírita provoca desordem, ou desunião, ostensiva ou sub-repticiamente, por quaisquer meios, é, ou um agente provocador, ou, pelos menos, um mau espírita, do qual cumpre que os outros se livrem o mais depressa possível.


 Todavia, diante dessas “desordens provocadas” e do “agente provocador”, caberá aos dirigentes do Centro, pelas responsabilidades das funções que ocupam, agirem de forma equilibrada, com fraternidade, mas com a devida energia que o contexto exige. Evitando-se posturas impulsivas, os dirigentes colherão nos momentos de meditação e oração, a necessária intuição para tratar esse tipo de problema.
A experiência tem mostrado que, nesses casos, a própria espiritualidade, em grande parte das vezes, termina criando mecanismos para o afastamento dessas pessoas de uma forma muito natural, sem maiores danos.
 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

SER MEDUSA, OU SER PERSEU ?


Conta a mitologia grega, que Perseu, com a ajuda dos deuses protetores, partiu para a grande missão de sua vida. O filho de Júpiter seguiu para uma região sombria, onde o sol jamais penetrara.; ali morava Medusa, o terrível monstro que tinha sobre a cabeça, à feição de cabelos, um emaranhado de serpentes que tinha o poder de petrificar as criaturas.  Perseu, munido de muita coragem, levou consigo um escudo polido, capaz de refletir a imagem nele projetada. Perseu entrou na caverna guiando-se pela superfície espelhada do escudo. Avistou Medusa. Percebendo que ela dormia, aproximou-se cuidadosamente. Medusa acordou. Perseu, guiando-se sempre pela imagem do espelho-escudo, observou o pescoço da mulher-monstro, decepando-lhe a cabeça com um golpe certeiro.  Perseu derrotava Medusa.
Medusa é a personificação do “estudante paralisado no estudo”. Simboliza a tendência da pessoa humana  de somente “receber”, estaticamente, sem doar. É a pessoa que não quer assumir compromissos e, por isso, encontra sempre uma desculpa, ou um mecanismo de fuga.  Normalmente,  projeta-se a “culpa” para o “tempo”, na verdade “a falta de tempo”. A outra grande vilã da história é a “família”. Quando é sabido que esses argumentos são frágeis, a pessoa alça mão de seu verdadeiro triunfo de fuga: “Ainda não me acho preparado (a)!”
Viver, no sentido existencial, é saber administrar o tempo, que também engloba as relações familiares. É mais correto assumir a sua personalidade e, quando a oportunidade de serviço, na Casa Espírita, for oferecida, a pessoa falar sinceramente, expressando seus verdadeiros sentimentos. Curioso, entretanto, que o estudante da Doutrina Espírita é alguém que está (ou deveria) estar familiarizado com essa lógica. Talvez o que esteja faltando é, à semelhança de Perseu, assumir-se uma atitude corajosa diante do monstro interno que paralisa a iniciativa para o trabalho voluntário.
Ser Perseu, ou ser Medusa, é opção de cada um, segundo o uso de sua liberdade aliada a sua consciência. Aos dirigentes espíritas não cabe “forçar” ninguém ao trabalho na Casa Espírita, mas, sobretudo, “estimular” o Perseu adormecido em cada estudante da Doutrina, para o confronto inadiável com sua Medusa interior.
Essa Medusa, petrificando os sentimentos, deixa o ser humano muito indiferente em relação às necessidades alheias. Quem já descobriu o prazer de servir, por certo, já encontrou o verdadeiro prazer de viver.

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