As divergências que culminam em dissidências atestam a falência do entendimento, que deveria caracterizar as relações amadurecidas espiritualmente. Significa dizer que devemos nos empenhar para evitar mágoas e ressentimentos, a fim de manter-se o equilíbrio do grupo. Cabe ao trabalhador espírita colaborar com suas preces para reduzir a atmosfera de instabilidade na instituição, sem jamais esquecer que o exercício do perdão é tarefa diária.
Mas, além dos que se afastam de uma Casa espírita, e fundam ou transferem-se para outra, existem os que terminam por abandonar o Espiritismo. Kardec aludiu que muitos se afastam porque recuam ante a proposta de se reformarem, buscando outros grupos com os quais verdadeiramente se afeiçoem. Outros, ainda, se afastam acreditando poderem fazer, com mais liberdade, outras práticas de auxílio ao ser humano. Pois bem, se realmente fizerem algo melhor, ótimo! Cada indivíduo é livre devido a sua própria consciência, e sua decisão deve ser respeitada. Na Casa espírita, quando uns abandonam seus encargos, outros passam a assumi-los.
Escreveu Kardec, no item 337 de O Livro dos Médiuns que:
... todo aquele que numa reunião espírita provoca desordem, ou desunião, ostensiva ou sub-repticiamente, por quaisquer meios, é, ou um agente provocador, ou, pelos menos, um mau espírita, do qual cumpre que os outros se livrem o mais depressa possível.
Todavia, diante dessas “desordens provocadas” e do “agente provocador”, caberá aos dirigentes do Centro, pelas responsabilidades das funções que ocupam, agirem de forma equilibrada, com fraternidade, mas com a devida energia que o contexto exige. Evitando-se posturas impulsivas, os dirigentes colherão nos momentos de meditação e oração, a necessária intuição para tratar esse tipo de problema.
A experiência tem mostrado que, nesses casos, a própria espiritualidade, em grande parte das vezes, termina criando mecanismos para o afastamento dessas pessoas de uma forma muito natural, sem maiores danos.