segunda-feira, 13 de junho de 2011

SER MEDUSA, OU SER PERSEU ?


Conta a mitologia grega, que Perseu, com a ajuda dos deuses protetores, partiu para a grande missão de sua vida. O filho de Júpiter seguiu para uma região sombria, onde o sol jamais penetrara.; ali morava Medusa, o terrível monstro que tinha sobre a cabeça, à feição de cabelos, um emaranhado de serpentes que tinha o poder de petrificar as criaturas.  Perseu, munido de muita coragem, levou consigo um escudo polido, capaz de refletir a imagem nele projetada. Perseu entrou na caverna guiando-se pela superfície espelhada do escudo. Avistou Medusa. Percebendo que ela dormia, aproximou-se cuidadosamente. Medusa acordou. Perseu, guiando-se sempre pela imagem do espelho-escudo, observou o pescoço da mulher-monstro, decepando-lhe a cabeça com um golpe certeiro.  Perseu derrotava Medusa.
Medusa é a personificação do “estudante paralisado no estudo”. Simboliza a tendência da pessoa humana  de somente “receber”, estaticamente, sem doar. É a pessoa que não quer assumir compromissos e, por isso, encontra sempre uma desculpa, ou um mecanismo de fuga.  Normalmente,  projeta-se a “culpa” para o “tempo”, na verdade “a falta de tempo”. A outra grande vilã da história é a “família”. Quando é sabido que esses argumentos são frágeis, a pessoa alça mão de seu verdadeiro triunfo de fuga: “Ainda não me acho preparado (a)!”
Viver, no sentido existencial, é saber administrar o tempo, que também engloba as relações familiares. É mais correto assumir a sua personalidade e, quando a oportunidade de serviço, na Casa Espírita, for oferecida, a pessoa falar sinceramente, expressando seus verdadeiros sentimentos. Curioso, entretanto, que o estudante da Doutrina Espírita é alguém que está (ou deveria) estar familiarizado com essa lógica. Talvez o que esteja faltando é, à semelhança de Perseu, assumir-se uma atitude corajosa diante do monstro interno que paralisa a iniciativa para o trabalho voluntário.
Ser Perseu, ou ser Medusa, é opção de cada um, segundo o uso de sua liberdade aliada a sua consciência. Aos dirigentes espíritas não cabe “forçar” ninguém ao trabalho na Casa Espírita, mas, sobretudo, “estimular” o Perseu adormecido em cada estudante da Doutrina, para o confronto inadiável com sua Medusa interior.
Essa Medusa, petrificando os sentimentos, deixa o ser humano muito indiferente em relação às necessidades alheias. Quem já descobriu o prazer de servir, por certo, já encontrou o verdadeiro prazer de viver.

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