domingo, 19 de junho de 2011

E QUANDO O DIRIGENTE NÃO ESTÁ CONSCIENTE DE SEU PAPEL?

 Em resposta ao leitor Ivomar, no mentário que fez sobre a postagem anterior, segue orientação de Kardec ao grupo. Estamos refletindo sobre o tema da convivência, com base no que escrevi em meu livro mais recente: A Convivência na Casa Espírita - Reflexões e apontamentos com base nas intruções de Allan Kardec (Porto Alegre, Editora Francisco Spinelli, 2011)
E quando o dirigente não está consciente de seu papel, permitindo muitas vezes que os problemas se instalem sem nada fazer? Pois bem, nesse caso é necessário que o grupo da diretoria, pelo menos os mais atentos, alertem-no construtivamente. Sobre isso Allan Kardec advertiu no item 337 de O Livro dos Médiuns

(...) terão as pessoas sensatas e bem-intencionadas (...) o direito de crítica, deverão deixar que o mal passe, sem dizerem palavra, e aprovar tudo pelo silêncio? Sem nenhuma dúvida, esse direito lhes assiste; é mesmo um dever que lhes corre. Mas, se boa intenção os anima, eles emitirão suas opiniões (...) com cordialidade, francamente e sem subterfúgios.

Expressar opiniões com fraternidade, manifestar-ser com equilíbrio, conversar sem “subterfúgios”, ouvir com serenidade, filtrar impulsos e sentimentos perturbadores, apoiando-se na humildade, é o caminho eficaz para administrarmos os problemas decorrentes da convivência diária. Ainda sobre a possibilidade de manifestar um senso crítico nas instituições, quer no que tange ao posicionamento de certos dirigentes ou trabalhadores, é oportuno refletirmos sobre a observação de Kardec:

Para criticar é necessário poder opor raciocínio a raciocínio, prova a prova. Será isto possível, sem conhecimento aprofundado do assunto de que se trata?  Que pensaríeis de quem pretendesse criticar um quadro, sem possuir, pelo menos em teoria, as regras do desenho e da pintura? (...) Quanto mais elevada a posição do crítico, quanto mais ele se pôe em evidência, tanto mais seu interesse lhe exige circunspecção, a fim de não vir a receber desmentidos, sempre fáceis de dar a quem quer que fale daquilo que não conhece.



Allan Kardec – O Espiritismo em 1860. Revista Espírita, janeiro de 1860.



Um comentário:

  1. Muito boa a sua resposta.

    No entanto, o questionamento que faço é quanto a atitude em relação aos dirigentes que promovem os conflitos e não somente aos lenientes. Sei que dirigentes são pessoas imperfeitas, como qualquer outra. Ocorre que muitos problemas das instituições são causados justamente por dirigentes que desconhecendo a Doutrina resolvem criar processos, estruturas e sistemas que vão contra as diretrizes éticas do Espiritismo. Alguns desconhecem mesmo os postulados morais espíritas mais fundamentais e os desrespeitam a todo momento. Nesta situação, calar-se representa apenas omissão. Mesmo depois de alertados fraternalmente, e não obtendo uma mudança no comportamento, deveriamos deixar passar para evitar estremecimentos?

    Pelo que entendi, então você concorda que aquele que está capacitado para discorrer sobre um assunto e analisar os seus prós e contras, vantagens e desvantagens, tem o direito de criticar uma diretoria ou um dos seus membros, quando estes não se comportam de acordo com as regras éticas ou estatutárias?

    Naturalmente, nem se cogita em que a crítica seja feita de maneira impulsiva, deseducada e principalmente, irresponsável. Alías, uma pessoa deseduca que se afirme espírita estaria em contradição com a Doutrina. Uma crítica feita de maneira deselegante perde a metade da sua força, porque todas as pessoas merecem respeito.

    Uma crítica sem fundamento seria apenas manifestação de orgulho. Rigorosamente, nem seria uma crítica, pois esta exige isenção, boa-fé, aprofundamento, conhecimento de causa.

    Lembremos que humildade, em seu sentido original é o reconhecimento das próprias limitações e capacidades. Assim, admitir-se conhecedor de um assunto, depois de passar por anos de estudo e de prática não configura orgulho, mas uma maneira de auto-reconhecimento, de humildade.

    ResponderExcluir

Pesquise no Blog

Loading

TEXTOS/ARTIGOS ANTERIORES