Refletindo sobre o imenso leque das experiências familiares, deparamo-nos com as situações de enfermidade envolvendo membros da família e, muitas vezes, criando quadros comportamentais de desequilíbrio e crise na convivência.
Certa oportunidade, chegou até nós um casal já idoso, demonstrando grande tristeza. Atendendo-os separadamente, a senhora nos informou que atravessavam um momento muito difícil em suas vidas. O esposo, que no passado havia retirado um tumor de próstata, vivia, novamente, o drama de um novo tumor. Contou-nos que o marido não conseguia dormir à noite, passando longas horas caminhando pela residência. Também a sua personalidade apresentava, agora, traços de agressividade, indignação e pessimismo. Tal situação estava, naturalmente, gerando uma crise em suas convivências.
À luz da Doutrina Espírita, informamos que, em face a um momento tão difícil e desafiador, ela necessitava encontrar forças para compreender e auxiliar o esposo. Ser, mais do que nunca, o ombro amigo e afetuoso, cuja atitude de equilíbrio e perseverança poderia muito influenciar positivamente sobre o emocional de seu marido.
Segundo a Dr.ª Elisabeth Kübler-Ross , uma das maiores autoridades do mundo na terapia de doentes terminais, o diagnóstico de um tumor maligno ou de patologias que podem levar a curto e a médio prazo a desencarnação (morte) produz, normalmente, no paciente algumas reações:
a) negação do diagnóstico e isolamento. O paciente considera os exames equivocados ou houve troca nos exames que pertenciam a outro paciente... Com isso deixa-se envolver em tristeza e melancolia, buscando o isolamento pessoal que poderá durar alguns momentos, ou até os instantes terminais.
b) raiva, revolta, ressentimento, inveja. É muito mais difícil para a família lidar com o estágio da raiva. O paciente passa a reagir com hostilidades aos médicos e aos próprios familiares. Emerge um sentimento de indignação e revolta contra as pessoas e contra Deus. É uma fase delicada e desafiadora que exigirá muita compreensão dos familiares que, na maioria da vezes sofrem juntos com a pessoa enferma.
c) Depressão. Nessa fase, informa a Dr.ª Ross, o paciente pode apresentar depressão quer pelo sentimento de culpa de não poder ajudar mais os familiares, pelo gasto do tratamento, do tempo desperdiçado quando possuía saúde..., quer pelo desejo de desligar-se de seus pertences, afeições....
d) Barganha. É quando o paciente busca negociar com Deus, fazendo promessas, simpatias, etc, num ato de última esperança de ver seu quadro clínico revertido.
e) Aceitação. Para aqueles que desenvolveram fé sólida e convicta na justiça divina e na imortalidade da alma, essa é uma fase mais tranqüila do processo. Esses vários estágios podem, naturalmente, se entrelaçarem e ocorrerem não rigorosamente dessa forma, ressaltando-se mais uma ou outra fase.
A Dr.ª Elisabeth anotou, também, o despreparo dos familiares e amigos, muitas vezes, envolvendo o enfermo numa sensação de abandono, de solidão e de desprezo.
O caso da senhora com quem conversamos, entretanto, demonstrava uma profunda relação afetiva e daí, o sofrimento com as reações do marido. Como se manter em equilíbrio para poder ajudá-lo? Temos, resumidamente, dois caminhos: ou procuramos empreender esforços para nos manter em equilíbrio visando atenuar esse clima de enfermidade, com uma postura de confiança na vida e em seus desígnios, ou adentramos pelo caminho tormentoso da melancolia, depressão, indignação... Nesse caso, ao invés de poder ser um ombro amigo ao nosso familiar, estaremos fomentando mais negativismo.
No primeiro caminho, encontraremos amparo, esclarecimento e consolo numa concepção mais ampla sobre a vida. É necessário observarmos a vida com os olhos da transcendência, não nos limitando somente aos fatores corporais e, portanto, materiais da existência.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pesquise no Blog
Loading
TEXTOS/ARTIGOS ANTERIORES
-
►
2014
(16)
- ► dezembro 7 (1)
- ► novembro 16 (1)
- ► outubro 19 (1)
- ► setembro 28 (1)
- ► fevereiro 23 (1)
- ► fevereiro 16 (1)
- ► janeiro 26 (1)
- ► janeiro 12 (1)
-
►
2013
(33)
- ► dezembro 29 (2)
- ► dezembro 22 (1)
- ► dezembro 1 (1)
- ► novembro 10 (1)
- ► outubro 27 (1)
- ► outubro 20 (1)
- ► outubro 13 (1)
- ► setembro 29 (1)
- ► setembro 22 (1)
- ► setembro 15 (1)
- ► setembro 1 (1)
- ► fevereiro 17 (1)
- ► fevereiro 3 (1)
- ► janeiro 27 (1)
- ► janeiro 20 (1)
-
►
2012
(38)
- ► dezembro 23 (1)
- ► dezembro 9 (1)
- ► dezembro 2 (1)
- ► novembro 11 (1)
- ► outubro 28 (1)
- ► outubro 21 (1)
- ► setembro 23 (1)
- ► setembro 16 (1)
- ► setembro 9 (1)
- ► fevereiro 26 (1)
- ► fevereiro 19 (1)
- ► fevereiro 12 (1)
- ► fevereiro 5 (1)
- ► janeiro 29 (2)
- ► janeiro 22 (1)
-
▼
2011
(63)
- ► dezembro 25 (1)
- ► dezembro 18 (1)
- ► dezembro 11 (3)
- ► dezembro 4 (1)
- ► novembro 27 (2)
- ► novembro 20 (2)
- ► novembro 13 (1)
- ► novembro 6 (1)
- ► outubro 30 (1)
- ► outubro 23 (1)
- ► outubro 16 (1)
- ► setembro 18 (1)
- ► setembro 11 (1)
- ► setembro 4 (2)
- ► fevereiro 27 (1)
- ► fevereiro 20 (1)
- ► fevereiro 13 (1)
- ► fevereiro 6 (1)
- ► janeiro 30 (2)
- ► janeiro 23 (2)
-
►
2010
(55)
- ► dezembro 26 (1)
- ► dezembro 19 (1)
- ► dezembro 12 (2)
- ► dezembro 5 (2)
- ► novembro 28 (1)
- ► novembro 21 (1)
- ► novembro 14 (1)
- ► novembro 7 (2)
- ► outubro 24 (1)
- ► outubro 17 (1)
- ► outubro 10 (1)
- ► setembro 26 (1)
- ► setembro 19 (1)
- ► setembro 12 (2)
- ► setembro 5 (1)
- ► fevereiro 28 (1)
- ► fevereiro 21 (1)
- ► fevereiro 14 (1)
- ► fevereiro 7 (1)
- ► janeiro 24 (1)
- ► janeiro 17 (1)
- ► janeiro 10 (1)
-
►
2009
(37)
- ► dezembro 27 (1)
- ► dezembro 20 (1)
- ► dezembro 6 (1)
- ► novembro 29 (1)
- ► novembro 22 (1)
- ► novembro 8 (1)
- ► novembro 1 (1)
- ► outubro 25 (1)
- ► outubro 18 (1)
- ► outubro 11 (1)
- ► setembro 27 (1)
- ► setembro 20 (1)
- ► setembro 13 (1)
- ► setembro 6 (2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário