Jerri Almeida
Os historiadores do
cristianismo empenham-se por encontrar os indícios materiais que comprovariam a
existência do homem Jesus. Além da Bíblia, encontramos outras poucas
referências a Jesus em autores como Flavius Josephus, um historiador judeu do
primeiro século. Em sua obra: Antiguidades, ele afirma: “Havia por aquele tempo
Jesus, um homem sábio, se for direito chamá-lo de homem...”
No século II, Tácito, um
famoso historiador romano também se refere a: “...Cristo, que o procurador
Pôncios Pilatos entregou ao suplício.” Seria desnecessário enumerar outras
referências. O fato é que o cristianismo ganhou cada vez mais espaço dentro do
declinante Império Romano, passando, também, a sofrer uma mistura cultural,
quase inevitável.
Dessa forma, a data que hoje conhecemos como
atribuída ao Natal, foi definida no ano 336 d.C. O 25 de dezembro, oficializado no século IV, originou as festividades do nascimento de
Jesus. Foi uma transposição cultural às comemorações, na mesma data, do
nascimento de Mitra, o deus-sol de origem Persa.
O Natal, entretanto, aí
está, quer seja nos seus aspectos simbólicos, ou no sentimento que impele o ser
humano a uma profunda revisão de seus valores. Na crise de civilização que a
humanidade atravessa, a proposta cristã
– fundada na ética do amor – é muito mais profunda do que as meras apelações
comerciais construídas pela sociedade capitalista.
Na verdade, podemos
identificar na mensagem natalina um verdadeiro desafio à reflexão ética.
Muito embora sem nada escrever, Jesus Cristo continua influenciando milhões de
pessoas, em todo o mundo. Longe de
estarem superados, os seus ensinos morais representam um admirável repositório
de sabedoria. Em O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec na questão 625 indagando os benfeitores espirituais sobre quem
seria o Ser que Deus enviou à Terra para nos servir de modelo e guia, obteve
como resposta: “Jesus”.
Figura paradigmática, Jesus
é o homem mais falado da história. Sobre nenhum outro personagem se escreveu tantos
livros, seja para desvendar sua personalidade, para interpretar seus ensinos ou
para mencionar seus fatos notáveis. Apesar disso, o jornalista e psicólogo
espanhol Juan Árias chegou a afirmar sobre Jesus: “Esse grande
desconhecido”. Antes dele, no entanto, o
historiador francês Ernest Renan já havia dito que Jesus era: “Um homem
incomparável”.
O Natal não deve ser visto
nos acanhados limites dos rituais religiosos ou nos festejos para troca de
presentes. A proposta apresenta por Jesus nesses vinte e um séculos de
cristianismo é profundamente inovadora, repercutindo numa nova ética para a
vida.
Nos dias atuais, marcados
por tanta rigidez dos sentimentos, de violência e de desigualdades sociais
marcantes caracterizando uma sociedade que atingiu alto nível de
desenvolvimento tecnológico, mas que ainda se encontra encarcerada nos grilhões
da indiferença, a mensagem do Cristo continua emblemática.
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