sábado, 4 de junho de 2011

Entrevista do Professor Jerri Almeida para o site "O Consolador"


Esse é um momento muito importante de nossas vidas, onde estamos nos ensaiando para os valores da alma, buscando bem administrar os do corpo.

O Consolador: Que lições têm a relatar de sua vivência espírita?

A grande experiência que a tarefa espírita nos enseja, e que as lições nos oportunizam, é a da conquista sobre si mesmo. É necessário compreendermos que o amor não é uma metáfora religiosa, mas uma proposta de vida em plenitude que devemos, pelo esforço, vivenciar em nossas famílias e nas Instituições Espíritas. Noto, salvo engano, que nas Sociedades Espíritas, de forma geral, ainda a fraternidade é muito acanhada e o amor um discurso. A lição que tenho buscado aprender é que precisamos amar, nos conhecendo melhor. Uma vez que somente posso mudar o que já vejo em mim.

O Consolador: Como avalia o estado atual do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE) nos Centros Espíritas?

Acredito que estamos vivendo um contexto muito oportuno na área do conhecimento e do estudo da Doutrina. Imagino que nunca se estudou tanto como agora. Nossos grupos estão com grande procura, pessoas ávidas pelo esclarecimento que o Espiritismo oferece. Alerto, no entanto, para que os estudos jamais sejam dogmáticos, mas que se oportunize um debate de idéias fundamentadas nas Obras Básicas e nas suplementares. Devemos revisitar Kardec constantemente! As Obras Básicas NÃO esgotaram, como pensam alguns, o seu dinamismo essencial.

O Consolador: Como analisa o momento atual da divulgação do Espiritismo? 

O Espiritismo vive um período fecundo em sua divulgação. Está na televisão, já apareceu como tema em novelas, em documentários de abrangência nacional. Recentemente vimos o sucesso do filme Bezerra de Menezes nos cinemas de todo o Brasil, com salas repletas! Temos inúmeros sites de ótima qualidade, divulgando com responsabilidade o conteúdo doutrinário. O CEI, ai está, ampliando os horizontes do Movimento Espírita organizado. Então, minha avaliação é muito otimista!

O Consolador: O que pensa sobre a educação?

Sou professor. Penso que a educação é, como disse Kardec em comentário a questão 685 de O Livro dos Espíritos, um elemento altamente dinâmico, capaz de formar o homem de bem. Claro, estamos nos referindo à educação moral, àquela que produz hábitos saudáveis e nobilitantes, que engrandece o Espírito humano e o faz melhor, mais humano e solidário. A educação é um processo de extrair de dentro, mas também de permitir estímulos que levem a reflexão e a interiorização de valores, num mundo em constante crise de seus paradigmas afirmativos.

O Consolador: E quanto à constatação de muitos pais isentarem-se de sua parte na educação dos filhos esperando que a escola e os professores a façam?

É um erro grave. Tenho escrito sobre isso. Escrevi, em conjunto com um amigo espírita, o Dr. Silvano Marques, médico pediatra, um livro (Família Frente & Verso) onde discutimos sobre a família e suas relações na pós-modernidade. Os pais comentem um grave equívoco quando abrem mão dos seus papéis, de suas responsabilidades. Coisa que o tempo e a consciência iram cobrar.

O Consolador: Como o amigo percebe os desafios da sociedade em transformação como a violência gerada pelo estresse das pessoas?

Vivemos numa sociedade marcada de paradoxos. Uma sociedade que ensina que a vida é um valor inestimável, mas que também, a todo o momento, induz os indivíduos a se drogarem, a usar o álcool, a buscar o sucesso e o êxito através dos mais esdrúxulos comportamentos. A violência é um termômetro que sinaliza a necessidade de uma revisão urgente dos valores cultuados. Isso irá conduzir a um esgotamento do modelo materialista de viver, onde o ser humano reconsidere o seu papel no mundo, compreendendo a vida sob uma ótica mais profunda. Do mal, como dizem os Espíritos, Deus fará surgir um bem!

domingo, 29 de maio de 2011

FAMÍLIA EM DESORDEM?




Podemos pensar a família como uma configuração de vínculos. Esses vínculos permitem um processo de mediação entre o indivíduo e o mundo. Ou seja, a família, através de seus papéis, deveria se preocupar primeiramente com o processo educativo. A família contemporânea está vivendo uma crise de identidade, uma perda de rumos, daquilo que é o seu verdadeiro papel. Se por um lado, a família restrita gerou mais intimidade entre seus membros, também produziu mais conflitos.
O universo familiar necessita de uma “filosofia da convivência”,  de valores afirmativos que possam gerar suportes na administração de conflitos. A família atual parece ser uma família muito individualista onde cada qual pensa em si mesmo, perdendo a noção do conjunto. O compartilhar das relações, dos sofrimentos e das felicidades, vai se perdendo, e a convivência vai ficando fria e desmotivadora.
Os relacionamentos afetivos se tornam angustiantes e, sem base no diálogo, rompem-se com muita facilidade, produzindo inquietações, melancolias e, em alguns casos, ressentimentos e ódios. Em outras situações a conjugalidade é vivida intensamente pelo casal, enquanto seus papéis de “pai” e de “mãe” são delegados a terceiros. Os filhos, assim, viram órfãos de pais vivos.
É nessa estrutura ou desestrutura familiar que surge a droga, em suas várias faces. Mas, igualmente, poderá ser nessa estrutura familiar que ela será evitada. Uma família bem resolvida, certamente, será mais saudável, em todos os sentidos. Entenda-se por “família bem resolvida”, aquela que sabe administrar seus conflitos e desafios em conjunto, com responsabilidade e com o firme propósito de cuidar dos vínculos, educando os corações para sentirem o pulsar exuberante da vida.
Vivemos um ritmo existencial acelerado, muitos compromissos, muito trabalho e, nessa agitação, muitos esquecem o que é realmente “urgente”. Urgente é assumirmos os papéis familiares que nos cabem. Urgente é reservarmos momentos para conversarmos afetuosamente em família. Urgente é vivermos, mais do que falarmos, os valores imperecíveis do espírito, pois serão esses os grandes tesouros que podemos semear no coração de nossos filhos. São esses, entre outros, os suportes morais que podemos transmitir aos filhos para, quando alguém lhes oferecer a droga, eles, conscientemente, respondam: Não! Eu valorizo a vida, porque compreendo o meu papel nela.

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