quarta-feira, 27 de março de 2013

SOBRE A "FÉ CEGA"


 “A fé cega é o pior de todos os princípios! Crer com fervor num dogma qualquer, quando a sã razão se recusa a aceitá-lo como uma verdade, é fazer ato de nulidade e privar-se voluntariamente do mais belo de todos os dons que nos concedeu O Criador; é renunciar à liberdade de julgar, ao livre-arbítrio que deve presidir a todas as coisas na medida da justiça e da razão. (...) Comecei dizendo que a fé cega era perniciosa; mas nem sempre se deve rejeitar como essencialmente mau tudo quanto parece manchado de abuso, composto de erros e, sobretudo, inventado à vontade, para a glória dos orgulhosos e benefício dos interessados. (...) Não aceiteis senão o que vos pareça racional e lógico; mas não vos esqueçais de que as coisas velhas tiveram a sua juventude e que o que ensinais hoje se tornará velho por sua vez. Crede que em cada época Deus alarga os horizontes dos conhecimentos, em razão do desenvolvimento intelectual da Humanidade.”

Lacordaire. (Paris, Grupo Delanne, 4 de fevereiro de 1867 – Médium: Sr. Morin). Respeito Devido às crenças passadas. Revista Espírita. Março de 1857. P. 134-135. FEB.


“É cega a fé religiosa que anula a razão e se submete ao juizo dos outros, que aceita um corpo de doutrina verdadeiro ou falso, e dele se torna totalmente cativa. Na sua Impaciência e nos seus excessos, a fé cega recorre facilmente à perfídia, à subjugação, conduzindo ao fanatismo. Ainda sob este aspecto, é a fé um poderoso incentivo, pois tem ensinado os homens a se humilharem e a sofrerem. Pervertida pelo espírito de domínio, tem sido a causa de muitos crimes, mas, em suas conseqüências funestas, também deixa transparecer suas grandes vantagens.”

Léon Denis. Depois da Morte. Fé, Esperanças e Consolações. P. 159


“A fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19, item 7


“Em vez da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ele diz: Fé inabalável só o é a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem de crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é para este século. É precisamente ao dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos, porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.”

Biografia de Allan Kardec. Revista Espírita. Maio de 1869. P. 190. FEB.


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