“1. É engano pensar que, para se convencerem, basta
aos incrédulos o testemunho dos fenômenos extraordinários. Aqueles que não admitem a existência da alma, ou
Espírito, no homem, também não o admitem
fora do homem. Assim, negam a causa e, em consequência, negam os efeitos. Via
de regra têm uma idéia preconcebida e um propósito negativo, que impossibilitam
a observação exata e imparcial. Com isso
levantam problemas e objeções que não
podem ser respondidas de modo completo porque cada uma delas exigiria como que um curso, em que as
coisas fossem expostas desde o princípio. Como essas objeções derivam, em
grande parte, do desconhecimento das causas dos fenômenos e das condições em
que os mesmos se verificam, um
estudo prévio teria a vantagem de
as eliminar.
2. Imaginam os desconhecedores do Espiritismo que os
fenômenos espíritas podem ser produzidos do mesmo modo que as experiências de
Física ou de Química. Por isso pretendem submetê-los à sua vontade e se recusam
colocar-se nas condições exigidas para
poder observá-los.
20. O fim do Espiritismo é demonstrar e estudar a
manifestação dos Espíritos, as suas faculdades, a sua situação feliz ou
infeliz, o seu porvir. Numa palavra, a sua finalidade é o conhecimento do mundo espiritual. Evidenciadas essas manifestações, conduzem à
prova irrefragável da existência da alma, da sua sobrevivência ao corpo, da sua
individualidade após a morte, isto é, da vida futura. Assim, é ele a negação
das doutrinas materialistas, não só mediante o raciocínio, mas, e
principalmente, pelos fatos.
22. Desde que sejam admitidas a existência, a
sobrevivência e a individualidade da alma, reduz-se o Espiritismo a uma questão
principal: ‘Serão possíveis as comunicações entre as almas e os homens?’ A experiência demonstrou tal
possibilidade. Estabelecido o fato das relações entre o mundo visível e o invisível, conhecidos
a natureza, o princípio e a maneira dessas relações, abriu-se
novo campo à observação e foi encontrada
a chave de inúmeros problemas. Eliminando a dúvida sobre o futuro, é o
Espiritismo um poderoso elemento de moralização.
79. A faculdade mediúnica é uma propriedade
orgânica; não depende das qualidades
morais do médium; mostra-se-nos em diversos graus da escala moral. O mesmo não
se dá, entretanto, com a preferência que
os bons Espíritos dão aos médiuns.
100. Ante a incerteza das revelações feitas pelos
Espíritos, perguntar-se-á: Então, para
que serve o estudo do Espiritismo? Para
provar materialmente a existência do
mundo espiritual. Sendo este formado
pelas almas dos que viveram, daí decorre
a prova da existência da alma e da sua
sobrevivência ao corpo. Manifestando-se, manifestam as almas, do mesmo passo,
alegria ou sofrimento, conforme a maneira por que viveram a vida terrena. A
constatação da existência do mundo espiritual, que nos rodeia, e de sua ação
sobre o mundo corpóreo é a revelação de uma
das forças da Natureza e, consequentemente, a chave de uma porção de
fenômenos até agora incompreendidos, quer na ordem física, quer na ordem
moral. Quando a Ciência tomar em consideração
essa nova força até agora desconhecida, corrigirá um grande número de erros
resultantes de se atribuir tudo a uma causa única – a matéria. O reconhecimento dessa nova causa nos fenômenos da Natureza
será uma alavanca para o progresso e terá um efeito semelhante ao de outro agente
novo qualquer.”
Livro: KARDEC, Allan. O Principiante Espírita. Trad. Julio Abreu Filho. Editora
Pensamento.
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