Jerri Almeida
Vivemos,
é bem verdade, no mundo da informação. Nunca se teve tanta rapidez no fluxo das
notícias, na transmissão de conhecimentos e saberes, como no mundo
contemporâneo. Milhares de novas teses, dissertações e pesquisas são
cotidianamente publicadas. A internet democratizou o acesso à informação em seu
sentido mais amplo e genérico. Documentos que antes somente poderiam ser
acessados em arquivos, hoje estão disponíveis gratuitamente na web. Jornais,
acervos, blogs, redes sociais, entre outros, levam conteúdos, os mais variados,
para dentro de nossas mentes. Vivemos, inegavelmente, um excesso estressante de
informações.
Thomaz
Wood Jr, em seu interessante artigo: “Pensar dói?”, publicado na revista Carta na Escola (Dezembro de 2011, nº 62),
cita o texto do professor Neal Gabler publicado no New York Times, no qual
assevera: “...vivemos em uma sociedade na qual ter informações tornou-se mais
importante do que pensar: uma era pós-ideias.” Vivemos a ditadura da informação
“opaca”, amorfa, incapaz de gerar
qualquer tipo de reação ousada ou revolucionária. Não uso aqui a palavra
“revolução” no sentido marxista, muito menos no seu sentido de produzir
conflitos armados, ou coisa do gênero. Refiro-me, isto sim, a uma atitude
dialética das ideias que vem sendo enterrada e sufocada pelo consumo exorbitante
da informação.
Na
revista já citada, encontramos também um artigo do professor doutor em
filosofia pela USP, Juvenal Savian Filho, no qual afirma que o excesso de
informações tolhe-nos a capacidade de elaborar reflexões mais profundas e
articuladas, pois: “ ...somos levados a nadar apenas na superfície das ideias e
a consumir mensagens relâmpagos, num fluxo frenético de imagens e sons que
abafam nossa vocação para o pensamento.” (p. 34) Para ele, o efeito disso é uma
escassez de novas e impactantes ideias, causando uma espécie de
“irracionalismo” Ou seja, o ato de “pensar” está sendo deixado de lado.
Nas
escolas e, pasmem, nas universidades, encontramos alunos que recusam-se,
obstinadamente, a pensar. Para esses, a salvação é somente duas teclas
(medíocres) do teclado de qualquer computador que esteja conectado à rede:
“Ctrl + C” e “Ctrl + V”. Vive-se os
infames dias do saber “fast food”. Para os adoradores dos conteúdos enlatados,
“pensar dói”. Talvez por isso, muitos
adultos de hoje também não saibam resolver problemas. Talvez por isso, também,
muitos adultos busquem soluções milagrosas, instantâneas, para seus dilemas.
São os pais que levam o filho de 8 anos ao médico, para que este, receite
cápsulas de boas maneiras, comprimidos de respeito, ou um sossega Leão, para o
menino indisciplinado que nem o pai nem a mãe querem ter o trabalho de educar. A
debilidade das ideias terceiriza problemas e soluções.
Pensar,
como alguém certamente já disse, dá trabalho! Como vivemos numa cultura que nos
induz ao prazer instantâneo, o ato de pensar é uma heresia, que somente se
justifica quando “descompromissadamente”. Se o futuro aponta para uma
“overdose” de informação, muita gente irá morrer de inanição mental. É trágico!
Mas,
como prefiro não me filiar aos pessimistas, creio que dessa “tragédia”
renascerá um novo “iluminismo”, onde reaprenderemos a pensar. Descobriremos o prazer de pensar e refletir
sobre as coisas, nos tornando novamente amigos da sabedoria e, por fim,
sobreviveremos redescobrindo o filosofar.
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