Os gregos possuíam várias palavras para se referirem ao amor. Essas várias denominações, na verdade, definem aquilo que podemos chamar de “tipos de amor”. Essa tipologia do amor representa, por sua vez, os estágios da evolução dos sentimentos humanos de uma ordem “material-instintiva” para a “espiritual-evangélica”.
Considerado o deus grego do amor, Eros era tido como uma das forças primordiais da natureza, filho de Zeus, Ares ou Hermes e tendo como mãe Afrodite, ele era representado como menino alado, munido de um arco e flechas destinadas a instigar os ardores da paixão e da sensualidade. Portanto,. Eros significava o amor vinculado à atração e ao desejo sexual. Os romanos, ao absorverem com suas conquistas a cultura grega, identificaram Eros como Cupido filho de Vênus.
Sendo uma força primordial da vida, Eros torna-se um problema quando, no dizer de Joanna de Ângelis: “... toma conta dos sentidos e responde pelas paixões desenfreadas, pelos conflitos da insatisfação, que levam ao crime, (...), ao desespero.” Nesse caso, estamos diante de situações do tipo: “Fulano matou por amor.” São os tantos crimes entre casais movidos pelas paixões, pela mente em desequilíbrio e pela sexualidade alucinada e “envenenada” pelo ciúme. Nesse caso, assim como em outros, estamos diante de uma combinação “explosiva”, cujos resultados terminam por gerar infelicidade e sofrimento, ao invés de felicidade e paz.
Para os gregos, a palavra “Storgé” vinculava-se à “afeição”, especialmente no âmbito das relações familiares. É o amor de pai, de mãe, de filhos, fundado nos laços de consangüinidade ou mesmo nas relações familiares não necessariamente, biológicas. Assim, a condição familiar enseja sentimentos gregários, fruto dos vínculos afetivos. No casal, o amor Eros vincula-se, agora, ao amor Storgé, ampliando a dimensão do amor.
O casamento, portanto, possui uma finalidade que transcende à satisfação biológica, sexual, embora essa ser parte integrante e importante do casamento. Referimos-nos ao desenvolvimento das emoções que visam consolidar os vínculos afetivos, do companheirismo e da realização entre os seres humanos. Todavia, é natural considerarmos que as relações conjugais e familiares enfrentam os seus revezes, seus desafios de convivência. Isso, evidentemente, faz parte do processo de crescimento e amadurecimento emocional e psicológico do espírito humano, o que não invalida que mesmo as experiências conflitivas possam ser enfrentadas, servindo para fortalecer os vínculos do amor familiar.
O termo philos referia-se ao sentimento de amor vinculado a amizade (daí vem a palavra: filosofia ou “amor à sabedoria”). O amor Philos nas relações cotidianas é o amor, muitas vezes condicional, limitado por um sentimento egocêntrico: “eu só ajudo quem me ajuda”. É o amor que ainda não compreendeu aquela velha frase do “fazer o bem sem olhar a quem”. Logo, Philos é o bem que impõe condições para poder ser útil, é aquela pessoa que diz: “Eu ajudo! Mas tem que ser do meu jeito.” Rizzini anotou também que o termo se relaciona com a “amizade”, o que faz com que o amor Philos transcenda, mesmo dentro de seus limites, em relação ao amor do núcleo familiar, consangüíneo. .
A palavra Ágape é alusiva ao amor evangélico, manifestado na ceia dos cristãos primitivos, sinônimo, também, de “comunhão fraternal”. Ágape aparece em Mateus, cap. 22, vv.34 a 40, e Coríntios, cap. 13, e define uma série de qualificativos necessários ao crescimento moral da humanidade. Dentre esses vários qualificativos encontram-se: a paciência, a humildade, a generosidade, a tolerância, a bondade. Tais sentimentos, ensinados e vividos por Jesus, representam um apelo da vida para que a humanidade possa experimentar os benefícios da própria vida.
Sem amor, de que valeriam todas as conquistas intelectuais e tecnológicas? Já temos exemplos suficientes na história para afirmar que o desenvolvimento da inteligência, sem o aperfeiçoamento do amor, termina gerando verdadeiras catástrofes. Não é por acaso que o amor, enquanto sentimento profundo fez parte de todos os ensinos do Ocidente e do Oriente, em todas as épocas da humanidade. Não se trata, portanto, de um mero princípio religioso, mas de um sentimento ontológico capaz de elevar a vida humana a um novo nível de realização planetária.
rEFERÊNCIA bIBLIOGRÁFIA
ALMEIDA, Jerri Roberto S. O DESAFIO DA FELICIDADE - Em um mundo em transformação. Porto Alegre: Francisco Spinelli, 2007.
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Jerri, parabens pelo blog e pelas coisas lindas que escrevestes.............um abraço Carmem
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