Todas as pessoas anseiam pela felicidade, mas, conforme escreveu Santo Agostinho (354-430 d.C.) em suas Confissões, há um constante duelo entre o corpo e o espírito e, nesse embate, muitos cedem à pressão do corpo. Para ele, o homem somente “será feliz quando, liberto de todas as moléstias, se alegrar somente na Verdade, origem de tudo o que é verdadeiro”. Portanto, a felicidade, para ele, provém da verdade, que é Deus e da alegria da fé, sendo que a “idéia da felicidade” estaria arquivada na memória humana, pois podemos recordá-la mesmo nos momentos de tristeza. Podemos identificar os valores do Bem, mesmo não os seguindo.
O pensamento agostiniano sobre a felicidade parte da idéia de uma tomada de atitude, de uma opção9: “Como procurar, então, a vida feliz? Não a alcançarei enquanto não exclamar: ‘Basta, ei-la’”. Essa questão é oportuna para os dias atuais onde as pessoas andam sem rumo, de um lado para outro, infelizes e depressivas. A felicidade é, na visão de Agostinho, uma decisão pessoal, é um “basta para a infelicidade e para o pessimismo”. Podemos destacar, de forma geral, que dois elementos foram fundamentais para que Santo Agostinho chegasse a essa conclusão: o hábito da oração, e da meditação, principalmente, sobre os Salmos da Bíblia.
Enriquecer os pensamentos com leituras e reflexões otimistas, permite o alargamento de horizontes confortadores sobre a vida, na medida em que estimulam os bons sentimentos e reconfortam o coração. Já que todos buscam a felicidade, não seria demais enfatizarmos que a esperança é um componente essencial da vida e, no qual, revitalizamos nossas forças durante a caminhada, por vezes desafiadora.
O problema da felicidade, por sua vez, se coloca – como já mencionamos – na relação direta do conflito entre razão e desejo, onde, o desenvolvimento da capacidade humana de ser feliz, se defronta com uma disputa interna pelo princípio do prazer
.Sob esse ângulo, devemos perceber que, a cada momento de nossa vida, nos encontramos no pulsar dos instintos ou da inteligência e que, a partir daí, nossas disposições morais e o conjunto de valores que nutrimos poderão atuar na educação desses impulsos naturais, atingindo-se um estado de sublimação e felicidade sobre si mesmo .Entretanto, para muitos, a felicidade está no prazer e a infelicidade, na falta do prazer. O prazer ligado à sexualidade, à sensualidade e à erotização faz parte hoje de uma cultura de mídia, que faz da beleza física, não um caminho para a realização profunda do espírito humano, mas um reflexo vazio e superficial dos sentimentos em desalinho.
Dessa forma, observa-se um culto “à beleza” que vem acompanhado da corrida aos consultórios de cirurgias plásticas na expectativa de se comprar o “corpo perfeito”.Isso tudo impressiona, é bonito e sedutor, todavia, esses valores, embora respeitáveis, são frágeis, pois temporários. Talvez o desejo esteja abafando a razão, pois, muito embora o embelezamento físico fortalecer a saúde, a autoestima, cremos que ele deva agregar outros valores que possam sublimar também, os sentimentos e humanizar a inteligência.
Referência Bibliográfica
ALMEIDA, Jerri R. S. O Desafio da Felicidade - em um mundo em transformação. Porto Alegre: Francisco Spinelli, 2007. Cap. 3.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pesquise no Blog
Loading
TEXTOS/ARTIGOS ANTERIORES
-
►
2014
(16)
- ► dezembro 7 (1)
- ► novembro 16 (1)
- ► outubro 19 (1)
- ► setembro 28 (1)
- ► fevereiro 23 (1)
- ► fevereiro 16 (1)
- ► janeiro 26 (1)
- ► janeiro 12 (1)
-
►
2013
(33)
- ► dezembro 29 (2)
- ► dezembro 22 (1)
- ► dezembro 1 (1)
- ► novembro 10 (1)
- ► outubro 27 (1)
- ► outubro 20 (1)
- ► outubro 13 (1)
- ► setembro 29 (1)
- ► setembro 22 (1)
- ► setembro 15 (1)
- ► setembro 1 (1)
- ► fevereiro 17 (1)
- ► fevereiro 3 (1)
- ► janeiro 27 (1)
- ► janeiro 20 (1)
-
►
2012
(38)
- ► dezembro 23 (1)
- ► dezembro 9 (1)
- ► dezembro 2 (1)
- ► novembro 11 (1)
- ► outubro 28 (1)
- ► outubro 21 (1)
- ► setembro 23 (1)
- ► setembro 16 (1)
- ► setembro 9 (1)
- ► fevereiro 26 (1)
- ► fevereiro 19 (1)
- ► fevereiro 12 (1)
- ► fevereiro 5 (1)
- ► janeiro 29 (2)
- ► janeiro 22 (1)
-
►
2011
(63)
- ► dezembro 25 (1)
- ► dezembro 18 (1)
- ► dezembro 11 (3)
- ► dezembro 4 (1)
- ► novembro 27 (2)
- ► novembro 20 (2)
- ► novembro 13 (1)
- ► novembro 6 (1)
- ► outubro 30 (1)
- ► outubro 23 (1)
- ► outubro 16 (1)
- ► setembro 18 (1)
- ► setembro 11 (1)
- ► setembro 4 (2)
- ► fevereiro 27 (1)
- ► fevereiro 20 (1)
- ► fevereiro 13 (1)
- ► fevereiro 6 (1)
- ► janeiro 30 (2)
- ► janeiro 23 (2)
- ► janeiro 16 (1)
-
▼
2010
(55)
- ► dezembro 26 (1)
- ► dezembro 19 (1)
- ► dezembro 12 (2)
- ► dezembro 5 (2)
- ► novembro 28 (1)
- ► novembro 21 (1)
- ► novembro 14 (1)
- ► novembro 7 (2)
- ► outubro 24 (1)
- ► outubro 17 (1)
- ► outubro 10 (1)
- ► setembro 26 (1)
- ► setembro 19 (1)
- ► setembro 12 (2)
- ► setembro 5 (1)
- ► fevereiro 28 (1)
- ► fevereiro 21 (1)
- ► fevereiro 14 (1)
- ► janeiro 24 (1)
- ► janeiro 17 (1)
- ► janeiro 10 (1)
-
►
2009
(37)
- ► dezembro 27 (1)
- ► dezembro 20 (1)
- ► dezembro 6 (1)
- ► novembro 29 (1)
- ► novembro 22 (1)
- ► novembro 8 (1)
- ► novembro 1 (1)
- ► outubro 25 (1)
- ► outubro 18 (1)
- ► outubro 11 (1)
- ► setembro 27 (1)
- ► setembro 20 (1)
- ► setembro 13 (1)
- ► setembro 6 (2)
ADOREI ESTEA POSAGEM
ResponderExcluirAGUARDO SUA VISITA!
http://neusinhabrotto.blogspot.com/
Também adorei!!
ResponderExcluirAdorei, vai ajudar muito no meu trabalho de filosofia.
ResponderExcluirMagnificente!
ResponderExcluirAmei , é necessário, termos conhecimento , que eleva nossa alma até Deus!!!
ResponderExcluir