quinta-feira, 25 de julho de 2013

PLATÃO E O AMOR

Em seu livro O Banquete (Symposion), Platão apresenta diversos oradores discursando sobre o Amor, ou o que consideram: “um discurso em louvor a Eros” que, na mitologia grega, é a divindade que representa o Amor.
Em seu discurso empolado e retórico, Fedro assevera que o Amor é o mais antigo dos deuses. É ele que projeta as boas ações e oportuniza uma vida honesta. Nesse sentido, com o Amor poderíamos constituir uma política eficaz, pois: “ninguém faria o que fosse desonesto”. Com o Amor, portanto, estimular-se-ia “a prática de belas coisas”.  Em seguida, Pousânias apresenta uma distinção entre o Amor: existe o “Amor belo e louvável” que está relacionado com a moral, a alma nobre. É, portanto, duradouro. Mas também existe o “Amor vulgar” ou “sensual” que está relacionado ao corpo. Esse “não oferece segurança, nem estabilidade”. Logo, é temporário.
Erixímaco, no entanto, afirma que as ocorrências negativas: doenças, prejuízos etc, se originam da desordem, dos exageros ou dos “desregramentos das inclinações amorosas entre si”. Considera que o Amor deve ser buscado pelas vias da sabedoria para  projetar harmonia na alma e no corpo. Aristófanes, por sua vez, relata o mito, segundo o qual, no início, os seres humanos eram duplos e esféricos, e os sexos eram três: um formado por duas metades masculinas; outro por duas metades femininas; e o terceiro metade feminina e metade masculina. Extremamente ousados resolveram desafiar até os deuses. Como castigo, os deuses resolveram separá-los  em duas metades. O Amor se originou da tentativa desses seres em restaurar a sua unidade original e, por conseqüência, encontrar, também, a felicidade. 
O Amor é o mais jovem dos deuses, sustenta Agáton, ao contrário do que pensa Fedro, O Amor é o fundamento do belo e da poesia. É ele que traz harmonia e paz aos homens. É, também, o “princípio e liame da sociedade”, isto é, o Amor é o elemento agregador da vida social. Por sua natureza, o Amor não comporta a violência e, também, por isso, torna-se “objeto do desejo de quem ainda não o possui”.
O último dos oradores é Sócrates. Também usa um mito para explicar o Amor. Eros é descendente de Poros (Riqueza) e de Penia (Pobreza). “Pela influência da natureza que recebeu do pai, Eros dirige a atenção para tudo que é belo e gracioso”. “É capaz de desabrochar e de viver, morrer e ressuscitar no mesmo dia. Come e bebe, dá e se derrama, sem nunca estar rico ou pobre”. Nesse sentido, a questão do Amor não se resume, tão somente, à procura da outra metade, como afirmou Aristófanes, mas na ânsia de uma realização mais profunda: o desejo de procriação do belo.

Dessa forma, Platão julga que o Amor é um desejo, um “intermediário” entre os deuses e os homens, cuja principal função é criar a virtude (e “a mais alta de todas as virtudes é o saber”) através da beleza.  O Amor, portanto, é toda aspiração ou impulso, em geral, na direção das coisas boas, do bem e da felicidade. Quando Platão, pela boca de Sócrates ou Diotima, assevera que o amor “é um desejo de procriação do belo”, nos oferece uma das mais interessantes e belas definições sobre o Amor.

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