domingo, 4 de abril de 2010

CONVIVER

O ser humano está constantemente exposto a vários níveis e tipos de desafios. Desde os tempos mais remotos, a necessidade de sobrevivência impôs a criatura humana a possibilidade de superar os seus próprios limites, expandindo sua inteligência e sua sociabilidade.
Vivemos e coexistimos no mundo. Fomos criados para com-viver e, nesse processo, desenvolvermos nossa capacidade humana de amar ao próximo, respeitando suas singularidades. O cotidiano, entretanto, nos reserva o desafio de construirmos relacionamentos interpessoais permeados de sentimentos produtivos, fraternos e solidários.
A convivência humana se nutre no diálogo, na afetividade e na honestidade. Sua ética se sustenta no princípio da conservação, cooperação e compaixão.
Propomos esses e outros princípios, de caráter universal, para nortear nossa reflexão, principalmente, sobre os valores da sociedade contemporânea, num novo olhar para o convívio interhumano.
O homem tecnológico dos nossos dias, vive e convive, num ímpeto crescente por encontrar a auto-realização e plenitude. Entretanto, muito embora as valiosas conquistas do pensamento e da tecnização, o homem pôde ter mais conforto, mas não logrou a paz almejada. A coexistência humana ainda oferece múltiplos desafios na edificação de uma convivência mais plena de cuidado e generosidade.
O convívio social, por sua vez, irá motivar o desenvolvimento das nossas faculdades cognitivas, emotivas e sensoriais como: linguagem, razão, sentimento, percepções... Não obstante, algumas questões vem angustiando o pensamento de muitas pessoas, quotidianamente: Como conviver bem ? Como encontrarmos felicidade nos relacionamentos ? Como superarmos os conflitos decorrentes da convivialidade ?
Diante de tais problematizações, vale lembrarmos que na raiz da história humana, está uma cultura que tenta dominar o outro. Foi assim no passado onde vigia a lei do mais forte; a própria colonização brasileira pelos portugueses foi exemplo disso. Entretanto, a dinâmica da vida contemporânea está a apontar maior complexidade no futuro, o que implica a necessidade de edificarmos uma convivência não mais baseada na hostilidade, mas na comensalidade, dividindo o pão da vida.
É necessário conviver com vida, adotando-se a metodologia da não-violência, e nos alfabetizando na arte de amar. A solidariedade, conforme o pensador francês Edgar Morin: “não pode ficar no subterrâneo”, pois todos ansiamos a fraternidade e a possibilidade de auto-realização no contato com o outro.

ALMEIDA, Jerri Roberto S. Filosofia da Convivência. 2a. Ed. Porto Alegre:AGE, 2006. Introdução.

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