sexta-feira, 22 de maio de 2009
A FISIOLOGIA DA DESENCARNAÇÃO - Parte I
“Por ser exclusivamente material, o corpo sofre as vissicitudes da matéria. Depois de funcionar por algum tempo, ele se desorganiza e decompõe. O princípio vital, não mais encontrando elemento para sua atividade, se extingue e o corpo morre. O Espírito, para quem, este, carente de vida, se torna inútil, deixa-o, como se deixa uma casa em ruínas, ou uma roupa imprestável.”
(Allan Kardec, A Gênese, Cap. XI, item 13)
O Espiritismo apresentou-nos valiosa contribuição para elucidar a temida e conturbada questão da morte, situando o homem na condição de espírito imortal e pluriexistencial, que, no corpo ou fora dele, realiza as experiências múltiplas necessárias ao desenvolvimento de suas potencialidades criadoras: inteligência e sentimentos. São, portanto, de alta relevância para o homem moderno as informações contidas na Doutrina Espírita sobre o regresso do ser à vida espiritual, bem como suas correlações e implicações ético-morais. Nesse sentido, a compreensão dessas informações nos remeterá a uma reflexão de ordem ético-comportamental como medida possível à construção de uma psicologia otimista, psicoprofilática e auto-educativa para a vida.
Desligamento: alma-corpo
O Ser Humano na visão espírita é um composto ternário: espírito, individualidade promotora do pensamento continuo, causa da inteligente, da consciência, da vontade, portadora de sentimentos, senso moral e detentora do livre-arbítrio; perispírito, invólucro fluídico do espírito, representando o molde fundamental do corpo físico para o homem, subsistindo além da morte. Finalmente, o corpo físico representa o instrumento ou indumentária da alma para o Ser espiritual exercitar suas faculdades nas diversas relações com o mundo material.
A obra de André Luiz viria oferecer valiosas informações no tocante à separação da alma e o corpo. No livro “Evolução em Dois Mundos”, o espírito André Luiz, através da psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira, nos informa que a atividade funcional do corpo físico encontra sua base de sustentação em sete centros vitais mais relevantes, localizados na estrutura perispíridica em associação dinâmica com a rede plexiforme e as glândulas endócrinas no corpo físico, concorrendo para a harmonia do sistema psicofisiológico . Os centros vitais podem ser compreendidos como disquetes energéticos ou “rodas”, verdadeiros centros reguladores de energias que partem do corpo mental para o corpo físico e vice-versa.
Reportando-se sobre a questão do “desligamento” dos “laços” entre a alma e o corpo, Kardec obtém a seguinte informação dos espíritos: “Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.”
Compreendemos que os “laços”, aos quais os espíritos orientadores se referem na resposta a Kardec, sejam esses elos tenuíssimos que mantém conectados os centros vitais (no perispírito ) à estrutura somática, e que se consubstanciam – por analogia – a “laços” ou “fios” fluidico-magnéticos que somente irão se romper quando houver a morte orgânica, isto é, uma ruptura do equilíbrio biológico, químico-físico, capaz de produzir a cessão irreversível das funções vitais do corpo, devido a certas patologias, acidentes, ...
Caracterizada essa perspectiva, o desprendimento do perispírito ao corpo físico ocorre quando esses laços se desatam, à semelhança de um plugue deixando a tomada. A tomada está no corpo material, e, por falta de energia ou vitalidade, libera o plugue que se situa no psicossoma ou perispírito, promovendo a “desemantação” do espírito em relação ao corpo. A operação desse processo, chamado desencarnação, inicia-se, normalmente, pelas extremidades inferiores do corpo físico (o que contribui também para desencadear o resfriamento dos membros inferiores do moribundo), terminando no cérebro.
Lembremos algumas das várias descrições feitas por André Luiz:
Caso 1
“Aproveitou Aniceto a serenidade ambiente e começou a retirar o corpo espiritual de Fernando, desligando-o dos despojos, reparando eu que iniciara a operação pelos calcanhares, terminando na cabeça, à qual, por fim parecia estar preso o moribundo por extenso cordão, tal qual se dá com os nascituros terrenos. Aniceto cortou-o com esforço. O corpo de Fernando deu um estremeção, chamado o médico humano ao novo quadro. A operação não fora curta e fácil. Demorara-se longos minutos, durante os quais vi nosso instrutor empregar todo o cabedal de sua atenção e talvez de suas energias magnéticas”. (Os mensageiros, p. 261. Ed. FEB).
Caso 2
“(...) apêndice prateado era verdadeira artéria fluídica sustentado o fluxo e o refluxo dos princípios vitais em readaptação. Retirada a derradeira via de intercâmbio, o cadáver mostrou sinais, quase imediato, de avançada decomposição.” (Obreiros de Vida Eterna, p. 227. Ed. FEB)
Caso 3
“Dimas gemeu, em voz alta, semi-inconsciente. (...) o assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu potencial de energia na fossa romboidal, Jerônimo quebrou alguma coisa que não pude perceber com minúcias, e brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana.” (Obreiros de Vida Eterna. P. 211. Ed. FEB)
(Continua na próxima semana...)
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